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Sessão de 4 de Dezembro de 1918 15

Mas em Portugal parece haver o culto daqueles governantes que aparecem em público do chicote na mão, como se fossem domadores do feras.

O estado do sítio é a situação que lhes convém é a mordaça para o país.

Pois bem: nós, Poder Legislativo, devemos dizer-lhe que não, que não.

Reparo, porem, nesta altura, que o Sr. Secretário de Estado da Guerra acaba de sair abruptamente desta sala, o que significa desconsideração para com o Parlamento.

Requeiro, pois, a V. Exa. que consulte a Câmara sôbre se deve ser interrompida a discussão, reservando-se-me a palavra para depois de liquidado o incidente.

Peço a V. Exa. que indague do Govêrno a razão do procedimento insólito do Sr. Secretário de Estado da Guerra.

O Sr. Presidente: - Acedendo aos desejos do Sr. Cunha Lial, interrompo a sessão por dez minutos?

Eram 18 horas e 30 minutos.

As 18 horas e 55 minutos o Sr. Presidente declara reaberta a sessão.

O Sr. Presidente: - Estava no uso da palavra o Sr. Cunha Lial. Na ordem das considerações em que ia, julgou S. Exa. necessária a continuação da presença do Sr. Secretário de Estado da Guerra.

S. Exa. porêm, já saiu há tempo da Câmara.

Pela minha parte envidei todos os esforços para que o Sr. Secretário de Estado da Guerra fôsse encontrado no edifício do Congresso, e até se telefonou para a sua Secretaria de Estado.

Creio, portanto, que S. Exa. teria saído por incómodo de saúde ou por qualquer outro motivo superior à sua vontade. Não posso, porêm, fazer uma afirmação positiva, presumo apenas.

Como o Sr. Cunha Lial julga indispensável a presença do Sr. Secretário de Estado da Guerra para continuar no uso da palavra, eu reservo-lha para a próxima sessão.

O Sr. Presidente não reviu.

O Sr. Cunha Lial: - Declaro que protesto contra aquilo que eu reputo uma habilidade que nada resolve. Protelar as discussões e as questões é um velho mau hábito.

O meu protesto fica bem claro, bem expresso. V. Exas. têm quarenta e oito horas para poderem resolver êste caso como quiserem. Garanto, porêm, que com a maneira como foi resolvida esta questão, nós demos uma machadada no prestígio do Parlamento.

Quero ainda dizor a V. Exa. o seguinte: Que não concorro com a minha atitude para que êsse desprestígio caia sôbre o Parlamento!

O orador não reviu.

O Sr. Costa Metelo: - Pedi a palavra para requerer que seja votada a seguinte moção:

Leu.

O Sr. Presidente: - Convido o Sr. Costa Metelo a vir à Mesa para explicações.

Vozes: - Pausa.

Já deu a hora.

O Sr. Manuel Bravo (para explicações): - Sr. Presidente: peço a V. Exa. me diga se o Sr. Cunha Lial usou da palavra para antes de se encerrar a sessão.

O Sr. Presidente: - Efectivamente o Sr. Cunha Lial tinha pedido a palavra para antes de se encerrar a sessão.

O Sr. Manuel Bravo: - Nesse caso V. Exa. Sr. Presidente, só tem que cumprir o Regimento, pois, que ninguêm mais podia usar da palavra sôbre o assunto que se discutia, visto que o Sr. Cunha Lial estava com a palavra reservada. (Apoiados).

O orador não reviu.

O Sr. Almeida Pires: - Sr. Presidente: tendo V. Exa. declarado que reservava a palavra ao Sr. Cunha Lial, S. Exa. usou depois da palavra para explicações, antes de encerrar a sessão.

Como foi o único orador que falou sôbre o assunto em discussão, depois de S. Exa. ter usado da palavra para explicações, V. Exa. não tinha realmente mais nada a fazer senão dar por findos os tra-