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26 Diário da Câmara dos Deputados

Tudo isto mostra o cuidado que houve e há em tratar do abastecimento do país.

Aumentei com dois navios a frota que fazia serviço para as nossas colónias, quer para a África Oriental, quer para a África Ocidental. Para Lourenço Marques foi desviado doutras carreiras o S. Jorge. O outro barco desviado para a carreira de África foi o Maio.

As nossas colónias têm-se sacrificado bastante, e é bom que nós agora lhes acudamos, que elas bom o merecem, pois valeram-nos por todas as formas.

O problema dos transportes é um problema dificílimo e que o Govêrno não tem descurado um só momento. Eu tenho feito toda a diligência para aumentar a tonelagem; até mandei um emissário à América, com plenos poderes; ia numa viagem não de estudo platónico, mas prático, pois ia com 2:000 contos para fechar no contrato; mas creio que volta sem ter comprado navio algum.

Eu para os transportes marítimos tenho feito todo o possível e aplicava onze mil conto* na compra de barcas, e para isso ia o Sr. Costa Fernandes com todos os poderes para fazer a aquisição, mas não houve maneira de fazer a compra, pois era uma verdadeira especulação, e eu tambêm tinha de zelar os interesses do Estado. Só se conseguisse alguma cousa no Canadá.

Considere V. Exa., Sr. Presidente, as dificuldades em que o Govêrno se viu.

Eu venho fazer estas indicações à Câmara não como reclame, mas para desmentir certas atoardas que por aí tem aparecido.

Ainda há pouco na crónica financeira do Diário de Notícias vinham afirmações que não eram justas, e eu não as fiz desmentir.

Eu creio, porêm, que vale mais fazer a" cousas sem reclame do que usar reclame e não as fazer.

Uma outra viagem ainda se faria, se não tivessem surgido circunstâncias imprevistas.

Combinei já tambêm com o meu colega da Secretaria de Estado do Interior que se estabeleça uma larga percentagem de carga, quer da costa ocidental, quer da oriental, porque nunca esqueço que estamos em face dam problema da máxima importância.

Quando deixei os transportes marítimos, dei ao meu colega das Subsistências todas as indicações possíveis sôbre os respectivos serviços.

Queria aproveitar o Gaza para fazer outra viagem a S. Tomo e nos intervalos descongestionaria de oleaginosas a costa ocidental. Era o navio que a tal serviço tínhamos destinado, assim como tínhamos destinado o S. Jorge para a costa oriental.

Tom sido, porêm, imensas as dificuldades com que temos tido de lutar e foi tam grande a nossa infelicidade que o maior navio que tínhamos, o Índia, navio que desloca 9.000 toneladas, foi torpedeado e está a consertar em Inglaterra.

O Quelimane e outro navio pequeno são destinados especialmente a passageiros, e a sua tonelagem de carga em cousa alguma influiria no assunto.

Faço esta exposição de factos para V. Exa. bem avaliar as dificuldades que sempre se nos depararam.

Mas há mais: O Mossâmedes devia transportar carvão de Cardiff para Loanda e, quando julgávamos que o faria rapidamente para, em seguida, ir a S. Tomé, de isso foi impedido por circunstâncias várias.

Com respeito ao Gaza, sabe V. Exa. o tempo que esteve em Bordéus. Tudo isto porque os países aliados cumprem rigorosamente a legislação que possuem e, infelizmente para nós, em França, a lei de licença era-nos aplicada com todo o rigor.

Como V. Exa. bem compreende, alem de lutarmos com grande falta de navios, estas demoras causaram-nos enormes prejuízos.

Era preciso que metade do carregamento de certo navio fôsse vinho, que iria buscar a Oran.

Isto mostra as dificuldades tremendas com que lutou quem com boa vontade queria resolver os problemas.

Embora os transportes marítimos não tivessem ao princípio a administração que deviam, não se pode, com justiça, acusá-los, desde certa época, de faltas, dado o pouco apetrechamento de que dispúnhamos. Não quero alongar-me, e por isso dou apenas uma pálida idea dos esforços que se fizeram para que os navios desempenhassem a missão que as circunstancias impunham.