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8 Diário da Câmara dos Deputados

destruídas, indicando o destino que elas tiveram e as condições em que foram entregues. - Gabriel José dos Santos.

O Sr. Alfredo Pimenta: - Sr. Presidente: confesso a minha preplexidade ao falar neste momento na Câmara sôbre a proposta apresentada pelo Sr. Vítor Mendes.

Preciso esquecer a atmosfera desta sala para poder invocar a figura luminosa do poeta Edmond Rostand. Não quero encará-lo sob o ponto de vista artístico, considero-o absolutamente incompatível com a atmosfera de um Parlamento, mas quero lembrar principalmente o poeta Paul Deroulède com todo o seu fervor imperialista e nacionalista que fez percorrer na alma da França todo o desejo de ama révanche e toda a ansiedade para que a França voltasse a uma situação que estivesse em correspondência com a sua glória antiga.

Andam os espíritos muito afastados das questões de arte, e seria insensato querer forçar a mentalidade da Câmara, neste momento, para o assunto Edmond Rostand.

Por isso, limito-me, em nome da minoria monárquica, a associar-me ao voto proposto pelo Sr. Vítor Mendes.

O orador não reviu.

O Sr. Campos Monteiro: - Sr. Presidente: pedi a palavra para me associar à proposta apresentada à Câmara pelo Sr. Vítor Mendes, lamentando apenas que tara tarde ela tivesse vindo à Câmara, visto que já decorreram dez dias.

Foi, Sr. Presidente, que as questões políticas nos têm absorvido imenso tempo. As sessões desta Câmara começam quási sempre depois das 15 horas. Arrasta-se a chamada com uma lentidão que faria o desespero de uma tartaruga. É lido na Mesa o expediente e diversos pareceres e para os trabalhos antes da ordem do dia, que são mais úteis do que os trabalhos que temos realizado na ordem do dia, ficam escassos minutos, o que faz com que o tempo não chega, o que dá em resultado esta gaffé. A Câmara só agora manifestará o seu sentimento junto da sua congénere em Paris. Mas, emfim, eu folgo que seja ao menos em meio de uma atmosfera densa e pressagiando os temporais que hoje aqui pairam, que se fizesse uma certa acalmia para exalçarmos essa figura radiosa que foi Edmond Rostand, o grande poeta francês.

Edmond Rostand, Sr. Presidente, foi na literatura poética do século XX a máxima expressão não só da alma francesa mas tambêm da alma latina.

A vontade de alma, a ternura do coração, a nobreza de carácter, o espírito de dedicação e de sacrifício, a protecção aos fracos e aos oprimidos que são as qualidades fundamentais do nosso substracto étnico, ressaltam, na sua máxima intensidade, de toda a obra de Edmond Rostand.

Cyrano de Bergerac, se há quatro anos tivesse existido, não hesitaria um único momento em desembainhar a sua espada liai e desinteressada em defesa da França, - essa complexa e adorável Raxane que mostrou nos último quatro anos possuir a mesma alma, por debaixo da delicada película de frivolidade em que parecia ter-se envolvido a velha alma latina cheia de ideal e repleta de aspirações; e noa milhões de poilus que combateram no front - e lá verteram o seu sangue - êle teria certamente reconhecido os seus cadets de Gascogne, mais uma vez deixando-se matar para que a Pátria vivesse eternamente. E no próprio simbolismo que transparece no Chantecler, a alma latina vibra ainda, lateja e se amostra em toda a sua grandiosidade, pressagiando a luta horrível que tinha de travar-se, e à qual vimos de assistir. E - coincidência curiosa - é precisamente quando essa luta termina que o grande poeta desce ao túmulo, tendo ainda a suprema consolação de ouvir, como oração de agonia, o Hino ao sol cantado pelo galo gaulez, sol resplandecente de vitória que é, simultaneamente, o sol benéfico da paz e da confraternização universal. (Muitos apoiados).

Não desejo fatigar a atenção da Câmara, e as minhas palavras foram pronunciadas somente porque a morte de Rostand foi não só uma perda para a França, mas para todo o mundo latino. E, assim, associo-me com todo o entusiasmo, à proposta do Sr. Vítor Mendes.

Vozes: - Muito bem.

O orador não reviu.