O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 8 de Janeiro de 1919 17

com o assassinato do grande Presidente Sidónio Pais. (Apoiados).

Eu tenho sido um implacável e mn intransigente inimigo dêsses partidos e sê-lo hei até que êle me faça a mim o que fizeram ao querido inorto. Hei-de ser implacável nessa luta o serei implacável, porque sou urn republicano sincero como era o Dr. Sidónio Pais.

Hoje a minha acção pública será governada pela sombra de dois mortos. Um deles é meu pai, outro é o Dr. Sidónio Pais; e como homem livre que sou, como homem educado por quem via em fantasia e em futuro a idea republicana e por quem viu a execução dessa idea, eu declaro a V. Exa. que não consinto que sôbre mim se exerça qualquer pressão, seja qual fôr o intuito que a ela presida, ainda que seja o mais elevado e puro.

Eu reconheço que alguns manifestantes que há bocado aclamaram a idea republicana o fizeram na melhor das intenções, mas aqui dentro ninguém tem o direito de se manifestar senão nós. (Muitos apoiados).

Nós somos os representantes da nação e, só alguma dúvida há neste sentido, é necessário que ela se esclareça, porque eu, que sou um homem livre, não delibero nem sob a pressão das espadas nem sob a pressão dos cacetes. (Apoiados).

Sr. Presidente: eu ouvi com toda a atenção a exposição clara que fez a esta Câmara o Sr. Presidente do Ministério sôbre os factos passados no nosso país, desde o infame atentado de que resultou a morte do Sr. Dr. Sidónio Pais até o presente momento.

Poucos dias se passaram, mas os factos ocorridos foram gravíssimos.

S. Exa. veio aqui à Câmara fazer a narração sucinta e clara de tudo e por certo S. Exa., chamado à liça pelas palavras do Sr. Cunha Liai, trará ainda mais esclarecimentos, que certamente desfarão todas as dúvidas, não àqueles de má fé que sempre e sempre procuram embaralhar a situação política em Portugal, mas aos bons republicanos, que já começam a andar desorientados pela escroguerie democrática.

O Sr. Amâncio de Alpoim: - Não apoiado!

O Orador: - Sr. Presidente, sabe V. Exa. que o Sr. general Pimenta de Castro era um bom o sincero republicano, mas porque talvez desconhecesse a psicologia dos homens que tinha de governar não se explicou com suficiente clareza o não apresentou à nação todas as circunstâncias que pautaram o seu caminho político.

Isso originou um mal-entendido, de que participaram muitos republicanos, e daí o 14 de Maio, que começou a ser a revolução do assassinato e do crime. Hoje começou-se de novo a caminhar no mesmo sentido, a querer espalhar no país a má idea de que alguém se queira atravessar à República.

Por isso, Sr. Presidente, eu folgo em que o Sr. Cunha Liai tenha feito as afirmações que fez e que por certo vão ser esclarecidas pelo Sr. Presidente do Ministério.

Eu devo dizer que por mim dou o meu apoio a esto Govêrno, porque a situação em que hoje se encontra o país, sobretudo no que respeita à nossa posição internacional, é muito grave.

Aqueles indivíduos que, expulsos das cadeiras ministeriais pela revolução de 5 de Dezembro, não quiseram ficar dentro do nosso país trabalhando nas normas que a todos os cidadãos livres e honestos a lei permite, foram para o estrangeiro fazer uma difamação de calúnia contra o Sr. Dr. Sidónio Pais, querendo fazer acreditar que S. Exa. era germanófilo, que germanófilos eram os seus amigos.

Êsses indivíduos nem em todos os países do estrangeiro tiveram o mesmo sucesso, porque houve alguns em que as suas calúnias não lograram alcançar nenhum crédito; e êles agora recomeçaram a sua campanha, que é infamo e indecorosa, após o crime que enlutou a nação, vindo insultar a memória dum morto que todo o país chora e deplora.

Êles praticaram essa infâmia, mas praticaram outra pior ainda: foi a de continuarem a dizer que o Govêrno que permanecia no Poder, composto pelos mais fiéis e dedicados colaboradores do Dr. Sidónio Pais, era um Govêrno de germanófilos encobertos e dessa maneira continuava a posar no país e no estrangeiro uma situação difícil, mormente na ocasião em que no Congresso da Paz se vão deci-