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4 Diário da Câmara dos Deputados

as posições que amanhã lhes facilitaria o estabelecimento da monarquia em Portugal. O pretexto estava achado. Estabeleceram-se juntas militares, chegando-se no Pôrto ao ponto do reunir juntas do sargentos - e depois dizem que não querem o bolchevismo.

E eu progunto aqui: Que ligação teve com essas juntas o Sr. Presidente do Ministério?

É difícil, através das simples informações noticiosas, sabermos se o Sr. Tamagnini Barbosa é, como os membros das juntas o são, um criminoso que nós, os republicanas, tenhamos de levar nos tribunais, porque ou a República acaba, ou os criminosos, tenham a certeza, irão todos ao tribunal.

Que espécie de cumplicidade há entre o chefe do Govêrno e os membros das juntas?

E difícil estabelecer essa cumplicidade, porque se dá o facto muito curioso - peço a atenção da Câmara para êste ponto de se apresentarem as juntas a acusar o Sr. Presidente do Ministério de as ter traído, em quanto que o Sr. Presidente do Ministério diz, muito frouxamente, que não tem compromissos escritos, o que não quere dizer que os não lenha orais. Existem, pois, duas afirmativas contraditórias que impossibilitam estas duas entidades - juntas e o Sr. Tamagnini Barbosa de negociarem mutuamente. Mas não sucedeu assim! Chegaram a um acordo; estão juntinhos. É assim, Sr. Presidente, que nós, republicanos, os queremos encontrar, para se conhecerem uns e outros.

Seja-me permitido agora ler aqui uma carta muito curiosa que o Sr. coronel João de Almeida mandou para vários jornais. O Govêrno, ao que mo dizem, teve o cuidado de fazer sentir a êsses jornais que a não deliam publicar, porque a censura corta-la-ia. Parece até que ao Govêrno não convinha que mesmo a censura tomasse conhecimento de semelhante documento.

Vou, pois, ler a carta. Diz assim:

Leu.

Vou ler agora alguns trechos duma proclamação da Junta do Norte.

Não a leio toda, para não tomar muito tempo à Câmara.

Leu.

A leitura dêstes trechos era indispensável fazer-se perante a Câmara, para dizer o seguinte:

Só havia a esperar da parte do Sr. Presidente do Ministério que procedesse contra o Sr. João de Almeida, ou que o mandava prender ou desafiava, saindo do Govêrno.

Não fez assim!

Mas S. Exa. com a junta não pode pactuar.

Quero ainda crer, para honra de todos nós, que isto tudo possa ser falso; mas o que é facto é que de qualquer forma havia uma entidade na República que estava incapacitada de pactuar com ajunta.

O facto é que o Sr. Tamagnini Barbosa pactuou.

Sr. Presidente: vou terminar as minhas considerações, pois vou sendo demasiado longo, e a Câmara está fatigada de me ouvir.

O Govêrno pactuou com a junta do norte.

Numa local do Jornal de Noticias, do Pôrto, do dia 7, vem publicado o seguinte:

Leu.

Nós sabemos, porque também temos a nossa polícia, o que se tem passado. Nós sabemos que no hotel Metrópole tem havido negociações entro vários membros do exército. São Ossos elementos do ordem, que clamam contra o bolchevismo, que fazem, a desordem.

Eu tenho em muita honra a farda que visto, e, num dado momento, posso tornar-me revolucionário, mas sim em benefício da Pátria.

Agora porque meia dúzia de maduros se constituíram em junta, o Govêrno pactua com elos, isso não. Isso é vergonhoso! (Apoiados).

Cada um pode proceder conformo seu alvedrio, mas nunca o Govêrno, nunca o Presidente do Ministério deve pactuar com êles.

Sr. Presidente: O que é isto de juntas do norte para baixo, em comboios especiais, e juntas do sul para cima em comboios especiais?

Sr. Presidente: no emtanto, apesar de tudo, a República há-de triunfar, porque o regime republicano é a melhor forma que convêm à nossa pátria. (Apoiados).