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18 Diário da Câmara dos Deputados

dir os altos interêsses para o país e para as nossas colónias. Espero que o Govêrno não permanecerá inerte perante esta campanha, que considero uma traição à Pátria (Apoiados); espero que o Govêrno, por todos os meios ao seu alcance, fará restabelecer a verdade dos factos, e que contra êsses indivíduos criminosos decretará as devidas sanções.

E espero-o, porque eu, apesar de desiludido e ferido, tenho uma esperança; espero que se o Govêrno precisar, que o Parlamento lho vote medidas especiais, pura que êsses indivíduos sejam castigados, o Parlamento não lhas recusará.

Se o Parlamento faltar ao Govêrno com a confiança necessária para poder continuar a obra do Dr. Sidónio Pais e poder, sobretudo, desagravar-se a sua memória o desagravar-se a si próprio da campanha caluniosa que lhe façam, declaro que não quererei continuar a ser membro do Parlamento.

Estamos perante uma nova ameaça revolucionária. Toda a especulação política que se tem feito em volta dos últimos acontecimentos visa a uma cousa: a desorientar os espíritos. Esta desorientação é feita por aqueles que, tendo em vida do Sr. Sidónio Pais procurado à, mão armada, com o assassinato, lançar mão de novo das rédeas do Poder, e tendo sido batidos, porque não encontravam eco na nação nem no exército, procuram agora rodear a questão.

Já não ousam avançar de cara; procuram desorientar os espíritos, procuram fazer acreditar à opinião republicana que a República está em perigo, porque o povo português, que é essencialmente republicano, é dum temperamento um pouco simplista. E visto que aparecem uns certos charlatães de feira, que de republicanos só apenas têm o nome, visto isso, e para que se diz ao povo que a República está em perigo? A República não está em perigo, porque hoje, Portugal, um país que tomou parte na guerra europeia, que se tinha integrado num movimento ideal, não podia deixar de acompanhar o movimento todo do mundo, que é para a democracia, mas com ordem e tranquilidade.

Espero, pois, que o Govêrno não deixará continuar essa campanha feita no estrangeiro por indivíduos que já deviam ter perdido a qualidade de portugueses, desde que persistem em caluniar a obra do Dr. Sidónio Pais e com ela a nação inteira; e, Sr. Presidente, espero também, porque confio no Govêrno, que êle não deixará de proceder a todas as investigações e a todos os actos necessários para o completo apuramento das responsabilidades provenientes da morte do Dr. Sidónio Pais.

V. Exa. sabe, como toda a nação, que já anteriormente se havia descoberto o complot de Setúbal, e em 6 de Dezembro houve um atentado que gerou. V. Exa. também sabe que a polícia do Pôrto avisou para Lisboa que havia complôts preparados contra o Sr. Dr. Sidónio Pais.

E houve alguêm que, telegrafando de Paris, e congratulando se por ter saído ileso do primeiro atentado, dizia que se precavesse contra atentados novos.

Tudo isto mostra que havia uma larga rede organizada por vaidades em que os indivíduos se prendem por votos muitas vezes superiores à sua vontade.

Ao Govêrno cabe o dever de averiguar tudo completamente, e, depois de tudo averiguado, entregar aos tribunais todos os criminosos e instigadores, seja qual fôr a sua situação dentro da sociedade portuguesa.

Vozes: - Muito bem.

O Orador: - A campanha feita lá fora não é só uma campanha de imprensa; é nos meios políticos, nos meios financeiros, e em toda a parto onde se podem dar informações sôbre o actual estado político do nosso país.

Em toda a parte, repito, até mesmo naqueles meios onde se preparam os trabalhos para a Conferência da Paz.

A êste propósito, lamento que não esteja presente o Sr. Ministro de Instrução, mas peço ao Sr. Presidente do Ministério que lhe transmita esta minha pregunta, esperando que S. Exa., numa das próximas sessões a que compareça, me dê completas explicações.

Desejo saber qual é verdadeiramente a situação do chefe do Partido Democrático, Sr. Afonso Costa.

S. Exa., em Paris, declara que foi exilado, que foi expulso de Portugal, que o Govêrno não o deixa cá entrar.