O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 8 de Janeiro de 1919 23

destaca-se, por ser o máximo, o de maior importância, o pedagógico.

Eu espero que êste problema mereça ao Govêrno a devida atenção, e confio em que o Ministério, da nobilíssima presidência do Sr. Tamagnini Barbosa, não se afastará um ápice do que foi o pensamento do Sr. Dr. Sidónio Pais. (Apoiados).

O orador não reviu.

O Sr. Pinheiro Tôrres: - Sr. Presidente: antes de começar as minhas considerações, permita-me V. Exa. que eu junte, aos aqui feitos já, o meu vivo protesto contra as manifestações das galerias. Aqui dentro só nós temos o direito de nos manifestarmos. (Apoiados).

Ouvi falar em direitos do povo! Em nome do povo falamos nós, seus únicos o legítimos representantes. Só nós temos êsse direito, de que muito nos orgulhamos eu, sobretudo, que tanto amo e prezo o povo português, de cujas altas qualidades esporo o ressurgimento nacional.

Sr. Presidente: ao iniciar as minhas declarações e considerações, feitas em nome da minoria católica, neste momento tam melindroso e ameaçador, não leva V. Exa. a mal, por certo, nem a Câmara, que eu mais uma vez me curve perante a suave e gloriosa memória de Sidónio Pais, cuja perda, em cada dia que passa, me. parece maior.

E é preciso constatar, para honra e glorificação sua, que nesta hora todos, excepto os que antepõem os seus interêsses e as suas paixões ao interêsse nacional, todos serem a necessidade de continuar a obra grandiosa de Sidónio Pais, prosseguindo nela intemeratamente.

A obra do grande morto, a cuja sombra protectora nós todos nos abrigamos nesta hora tam perigosa da vida nacional, essa obra, Sr. Presidente, é preciso dize-lo e relembrá-lo, é baseada no esmagamento da demagogia - ruína da Pátria portuguesa.

Isto mesmo afirmou. Lisboa, naqueles memoráveis dias que se seguiram ao monstruoso ciúme, mergulhada na dor a mais profunda, e no culto o mais sincero, acompanhando triumfalmente os despojos do grande morto, aos Jerónimos, em cujas abóbadas maravilhosas vive e se sente a grandeza dêste povo, que foi tamanho!

Nessa hora inolvidável e histórica, creio que em todas as consciências se faz esta reflexão amarga: tamanhos nós éramos, quando a fé nos destinos de Portugal e a fé em Deus nos levaram a fazer uma dessas conquistas que eram fundamentais na humanidade, e quanto pequenos nós fomos quando a descrença nos destinos de Portugal e a falta de fé nos enregelou. E isso mesmo, Sr. Presidente, quero dizê-lo, é o que afirmava a junta militar do norte, de cuja honrada e patriótica intenção não é possível duvidar.

O seu desígnio não era partidário, era meramente nacional o seu intuito: o de esmagar a demagogia para trazer um pouco de ordem e tranquilidade ao país, a fim de que êle pudesse viver tranquilo e progredir sossegado!

Se o seu desígnio fôsse meramente partidário, então, Sr. Presidente, as minhas palavras seriam de absoluta condenação: mas porque o não era, porque se tratava dum caso de salvação pública, porque se tratava da vida e honra da Pátria, quem pode levar a mal que o brioso exército português, que tantos sacrifícios tem feito para manter a tranquilidade e a ordem neste país, indicasse o caminho que havia a seguir?

Há pouco, quando ouvi atacar a intromissão do exército na vida pública, pensei como é que se atrevia a fazer uma acusação quem, afinal, nunca levantara a sua voz quando uma parte dele era apenas uma fôrça à ordem da demagogia.

Pregunto: quem se levantou contra a junta para defender os mais sagrados interêsses da Pátria?

O Sr. Cunha Lial (interrompendo): - Quem se levantou contra a junta foram sessenta oficiais, a maior parte dos quais se bateram pela Pátria, em França.

O Orador: - Peço desculpa a V. Exa. para lhe dizer que entre os membros da junta há militares briosos e que também se têm batido pela Pátria. O que não podia ser visto de bons olhos era o exército pactuando com a demagogia. Contra isso é que protesta todo o país, e creia S. Exa. que êste é o sentir de toda a nação.