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26 Diário da Câmara dos Deputados

acusação que o deslustrava e eu fui dos poucos ou muitos, não me recordo agora, que cercaram o velho republicano com o mais respeitoso afecto, prestando-lhe a mais carinhosa homenagem às suas virtudes, ao seu amor à República e ao sou grande patriotismo.

Pois, Sr. Presidente, hoje é o filho dêste homem que nesta, mesma casa e na minha ausência veio dirigir, à minha pessoa uma insinuação.

O Sr. Miguel de Abreu: - Não é verdade.

O Sr. Presidente do Ministério: - Não é verdade!

Vozes: - É mais uma intriga.

O Orador: - Desde o momento que o Sr. Miguel de Abreu declara nesta casa que não quis fazer nenhuma insinuação, está arrumada a questão.

O Sr. Miguel de Abreu: - Sr. Presidente: alguêm deturpou o sentido das minhas palavras quando eu ha pouco aqui falava.

Eu não tenho a menor dúvida em declarar toda a verdade, tudo o que penso ao Sr. Carlos da Maia, como, homem que não tem medo de nada e que já viu a morte diante de si algumas vezes. Não tenho, o maior respeito e consideração por S. Exa.

Trocam-se apartes.

O Orador: - E eu apelo para a Sr. Carlos da Maia para, que com a mesma, lialdade me diga quem lhe disse que eu fiz uma insinuação, quando não fiz insinuação alguma. (Apoiados).

Os Srs. Carlos da Maia e Miguel de Abreu apertam-se as mãos.

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando êle, devolver, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

O Sr. Martinho Nobre de Melo: - Sr. Presidente: Perante tido o que se tem passado nesta Câmara, com as manifestações intempestivas das galerias e mais farças semelhantes, eu sinto-me cada vez mais antiparlamentarista!

O Sr. Adelino Mendes: - Outro mote!

O Orador: - O quê?!

O Sr. Adelino Mendes: - Outro mote!

O Orador: - V. Exa. sabe o que isso significa? Apartes.

O Orador: - Parece que tenho de relembrar ao actual parlamentarista Sr. Adelino Mendes uma célebre reunião em que a actual maioria se pronunciou, antes do aleita, a favor do presidencialismo!

Apartes.

O Orador: - Sr. Presidente: eu estou onde estava, antes de ser eleito e onde estava antes da morte do Dr. Sidónio Pais.

Áparte do Sr. Adelino Mendes.

Vozes: - Ordem! Ordem!

O Orador: - Se V. Exa., com seus apartes, pretende unicamente deslumbrar-me com a sua descabelada inteligência, eu declaro-lho que tem muito tempo o muita outra maneira de o fazer!

Como parece mester que mais uma vez eu explique a minha situação e a minha atitude, perfeitamente lógicas, recordarei ao Sr. Adelino Mendes e aos Srs. Deputados da maioria que me estão interrompendo que por ocasião das eleições, quando fui a uma sala do govêrno civil, como representante do Govêrno, estabelecer uma plataforma eleitoral para, unir e conciliar todos os que pretendiam ter o seu apoio, essa plataforma, então aceita, não foi outra, senão o antiparlamentarismo!

Repito, pois, que estou onde estava antes de ser eleito, na mesma situação o com a mesma firme atitude.

Se o Sr. Adelino Mendes não compreende que um antiparlamentarista possa fazer parte do Parlamento, eu explicarei, a S. Exa. que as duas cousas não se contradizem; nas Repúblicas presidencialistas há duas Câmaras há Parlamento. E neste há representantes eleitos que nem por isso são parlamentaristas. Isto o que acontece nas Repúblicas da América e do Brasil.

Mas, valha-me Deus! Estas cousas devia ser desnecessário ensiná-las a um representante da nação!