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Sessão de 8 de Janeiro de 1919 7

foi lial para comigo. O resultado é que António Macieira conseguiu sempre arrancar o meu voto para os assuntos que êle reputava necessários.

A memória do homem honesto, do jurisconsulto distinto e do republicano devotado de sempre, a minha sentida homenagem.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Considero aprovado o voto de sentimento pela morte do Sr. António Macieira. (Apoiados gerais).

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Tamagnini Barbosa): - Sr. Presidente: Ao ecoar dolorosamente em todo o país, de norte a sul, a notícia trágica, a confrangedora notícia da morte bárbara e incruenta do Dr. Sidónio Pais - o grande e glorioso republicano que redimiu uma Pátria, e nos escombros de uma demagogia sanguinolenta, fundou, para todos os republicanos, para todos os portugueses - uma República Nova - as lágrimas que borbulharam em todos os olhos, a dor que oprimiu todos os corações, transfomou-se em anseios irreprimíveis de vingança contra os assassinos, em estremeções febris de dedicação pela obra patriótica do grande morto.

E num excesso de ternura sentimental pelo ídolo do povo, que caíra varado pelas balas sacrílegas dos mais abjectos sicários, surgiram, de todos os lados, das esquerdas e das direitas, impulsionados pela mola oculta das mais avêssas e contraditórias paixões políticas os defensores da obra de Sidónio Pais, os que por essa obra se propunham morrer ou vencer.

Movimento espontâneo, irreflectido, sem programa e sem morte, convulso no agir, indeciso no objectivo, desordenado no desenrolar das suas scenas sombrias de drama - o Govêrno da República, forte, e inabalável no apoio unanime da ficção, traduzindo em todos os seus actos a vontade firme, e a inteligência clara do novo Presidente - velho lôbo do mar e velho português de um só rosto e de uma só fé - teve de desenvolver toda a sua energia, teve de pôr à prova todo o seu ardente republicanismos não para julgar uma insurreição de inimigos ou uma conjura de adversários, mas para amainar e dominar a onda revôlta e indisciplinada de defensores e de amigos que se lhe vinham rolar aos pés.

É certo que, por entre êles almas miseráveis e pequeninas de especuladores e de aventureiros quiseram semear discórdias e mal-entendidos, espalhando boatos terroristas, reeditando velhos trucs de propaganda revolucionaria, segredando a uns que a hora demagógica preparava o salto, e afirmando a outros que o perigo monárquico ameaçava a República.

Mas êsse movimento serviu, afinal, para demonstrar que a República nova, radicada indissolúvelmente na alma nacional, é indestrutível; e que, unidos, disciplinados, invencíveis na defesa da obra libertadora, da obra republicana, da obra do ressurgimento nacional, estão hoje, em tôrno do Govêrno, todos os bons portugueses, todos os bons republivcanos, que não pactuam nem transigem com qualquer demagogia, seja ela qual fôr, venha donde vier.

E após longos dias de labutas e de incertezas, parece que a calma se restabeleceu, e, como sempre, a verdade, que é uma só, radiosa e triunfante, penetrou aos espíritos e fortificou os corações.

E ao apresentar ao Parlamento o Govêrno a que presido, e que tem a confiança do Sr. Presidente da República - eleito por unanimidade pelo Congresso, o legítimo representante da soberania nacional - cumpre-me declarar, para que essa verdade em absoluto triunfe e resplandeça, que disposto estou a esclarecer com provas, se isso fôr necessário à Câmara, a história dos dias agitados que passaram e em que, como soube e como pude, tenho uma única vaidade, um único orgulho, uma única satisfação: na de poder afirmar, por minha honra, aos legítimos representantes do país, que, como cidadão, como português e como republicano, estou convencido que contra tudo e contra todos cumpri o meu dever e não esqueci nunca que acima de tudo e de todos, neste lugar de sacrifício, a minha obrigação era defender a Pátria e salvar a República.

Incumbido por S. Exa. o Sr. Presidente da República de formar gabinete e procurando na sua constituição estabelecer entre o grande morto e os vivos a continuidade do seu pensamento e da sua acção foi meu critério manter no Ministério da minha presidência os meus colegas no último gabinete Sidónio Pais.