O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Adelino Mendes: - Requeiro a contraprova, com a declaração de quantos aprovaram e rejeitaram.

Procede-se à contraprova.

O Sr. Presidente: - Rejeitaram a urgência 12 Srs. Deputados e aprovaram 60.

O Sr. Artur Carvalho da Silva: - Agradeço, em primeiro lugar, à Câmara o ter aprovado a urgência para eu usar da palavra, pelo que me diz respeito pessoalmente, emquanto reconheça que se a Câmara achou urgente o assunto é porque sabe que nenhuma questão de maior importância e gravidade pode haver para o nosso país.

Todos os dias, nesta Câmara, se tem tratado da defesa da República e de se saber quem é bom republicano e pode servir a República, e até o Sr. Presidente do Ministério não se esqueceu de declarar que a sua divisa é "República" e depois "Pátria". Pois eu direi a S. Exa. que quem tenha um pouco de consciência do estudo financeiro que atravessa o nosso país deve, primeiro do que tudo, ter por divisa tratar da administração do país e da fiscalização das contas do Estado.

O que se não diria antes de 1910, quando os paladinos da República nos comícios se não cansavam de desacreditar os homens do regime, se um Presidente do Ministério viesse ao Parlamento dizer que a nota da dívida flutuante não podia ser publicada, porque desde certa data estava errada, estava falsificada? (Apoiados).

Bem sei que o Govêrno não é culpado desta situação.

O Sr. Carlos de Oliveira: - É porque antes de 1910 nenhum Ministro tinha a coragem de fazer essa afirmação, embora as notas da dívida flutuante fossem falsificadas.

O Orador: - Ninguém se importa com administração pública, e quando na Câmara se levanta alguém, para tratar dêsse assunto, todos o interrompem.

Apartes.

Peço o favor de me não interromperem, porque êste assunto deve ser tratado sem paixão, mas com serenidade. - É uma questão grave de administração do Estado.

Depois de 1910 tem-se tratado de tudo no Parlamento, menos da questão financeira.

Sabe V. Exa. o espectáculo vergonhoso que a partir de 1910 tem oferecido a discussão dos orçamentos do Estado. Depois de se tratar de tudo, quando chegava próximo o dia 30 de Junho, em que era indispensável votar-se o Orçamento, é que êles se discutiam de noite, à pressa, estando os Srs. Deputados o Senadores a dormir nas bancadas.

No Parlamento do uma cousa só se tratava, sendo a divisa da República - aumentar espantosamente os impostos. Disso é que se tratava, e não de prestar contas ao país da administração dos dinheiros públicos.

Muitas vezes, antes de 1910, se acusou a monarquia de esbanjar os dinheiros públicos; todavia, se compararmos os orçamentos da monarquia com os da República, ver-se há quam vergonhosa é a administração da República, relativamente à administração da monarquia.

Não é com palavras, é com factos, com números, que havemos do comparar a administração monárquica com a administração republicana.

Eu bem sei que não é o actual Govêrno o responsável; a responsabilidade é dos Governos que em 5 de Dezembro foram depostos pela revolução libertadora.

Interrupção do Sr. Deputado Maurício Costa, que não foi ouvida.

O Orador: - Eu julgo mais útil para o país tratar dêstes assuntos, que são da máxima importância, que de inquéritos à maçonaria.

O Sr. Presidente: - Eu peço a V. Exa. a fineza de se restringir ao assunto urgente para que lhe foi concedida a palavra.

O Orador: - Eu estou tratando do assunto obedecendo a uma preocupação, qual é a de não querer culpar êste Govêrno dessas faltas, e é curioso que seja a maioria que não queira que eu assim fale.

Eu estou a dizer que a culpa dessa vergonha é dos Governos da União Sa-