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8 Diário da Câmara dos Deputados

à testa da divisão de Vila Rial, êsse alguém não quereria iniciar um novo conflito e provocar novas perturbações no país.

Logo que tive conhecimento dêste telegrama, que me foi levado em mão própria pelo Sr. Ministro do Comércio, eu imediatamente expedi um telegrama ao Sr. governador civil de Vila Rial e comandante militar de Vila Rial, dizendo:

Leu.

Ao mesmo tempo que isto fazia, um novo telegrama-circular mandei a todos os governadores civis, onde dizia o seguinte:

Leu.

Eu mandei exercer essa censura postal o telegráfica visto que ela estava nas mãos dos membros das juntas nas localidades onde tinham a sua acção e enviei êsse telegrama para evitar mais perturbações, mais confusões, para evitar mais intrigas, que foram a causa única do que ia sucedendo no país, o que era uma catástrofe para todos nós.

Sr. Presidente: creio ter dado todas as explicações que me foram pedidas pelo Sr. Camilo Castelo Branco, devendo declarar mais que logo que tenha conhecimento do qualquer informação sôbre os acontecimentos do Vila Rial eu imediatamente a transmitirei à Câmara, como é meu dever.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro das Finanças (Malheiro Reimão): - Sr. Presidente: pedi a palavra para responder às considerações feitas pelo Sr. Carvalho da Silva. Todavia, antes de entrar propriamente na questão de que S. Exa. se ocupou, devo declarar que o Govêrno aceitou a urgência para o assunto relativo à administração do Estado, mas devo declarar também que se o Govêrno soubesse do uso que o Sr. Carvalho da Silva ia fazer da urgência não a tinha aprovado.

Vozes da direita: - Porque?! Porquê?!...

O Orador: - Porque S. Exa. limitou a duas palavras a pregunta que quis fazer e gastando todo o tempo em falar na questão política, atacando...

Vozes da direita: - Ora essa?! S. Exa. julga que devemos pedir licença ao Govêrno para falar?! A Câmara é que reconhece ou não as urgências dos assuntos. Nunca se viu semelhante coisa. É extraordinário!

O Orador: - Falo com toda a sinceridade. Os Deputados que são membros do Govêrno reconhecem a urgência por se tratar duma questão de administração, mas se soubesse que se ia levantar uma questão política não teria reconhecido a urgência!

Vozes da direita: - O Govêrno não tem nada com as questões que os Deputados levantam, sejam ou não políticas! Apoiado! Apoiado! É extraordinário!

Vozes da esquerda: - Ordem, ordem! Então não deixam falar o Ministro?!

O Orador: - Sôbre a questão para a qual a Câmara reconheceu a urgência tenho a declarar que nem o Govêrno nem a República tem culpa do que se passou...

Vozes da direita: - Então quem foi? Fomos nós?!...

O Orador: - S. Exas. deixam-me explicar, ou não?

Os mapas da dívida flutuante, devido aos transtornos causados pela guerra, chegaram do estrangeiro fora do tempo. No Ministério das Finanças organizaram-se os mapas com os documentos que havia. Verificou-se depois que as contas não estavam certas, devido simplesmente às dificuldades de transporte que há. Então, o Sr. Presidente do Ministério e todo o Govêrno entenderam que não valia a pena trazer contas erradas, devendo rectificar-se as que estavam feitas. (Apoiados).

Querem tornar o Govêrno responsável por isto?

Por aqui termino as minhas considerações, julgando que expliquei suficientemente à Câmara o que houve sôbre o assunto.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.