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Sessão de 3 de Fevereiro de 1919 15

blica o território que está momentaneamente ocupado por um Govêrno de violência que ninguém pode acatar nem reconhecer.

Realizado êsse dever tam imperativo abre-se o problema político português, e não é ao Govêrno, mas aos partidos e à Câmara que pertence a solução dêsse problema. O Govêrno, completamente neutral, nem tem pretensão de intervir na vida dos partidos nem na vida do Parlamento.

Todos podem concorrer eficazmente para a solução dêsse problema que se simplificou muitíssimo, mercê do esfôrço ingrato dos monárquicos para perturbarem o país.

Não quero exacerbar velhas questões que tanto têm agitado o país e têm feito passar por transes tam duros a vida da República.

Depois da experiência dêstes anos, está no espírito de todos reconhecer êsses antigos erros e começar uma vida nova, uma vida fecunda e uma vida que garanta o progresso do país (Apoiados).

É com muita satisfação que digo à. Câmara que tenho encontrado todo o desejo, toda a boa vontade, tanto da parte dos velhos partidos da República, como do Partido Nacional Republicano, de se chegar à solução que o Govêrno preconiza dentro dos meios que estão sob a sua alçada. E assim termino sintetizando as funções dêste Govêrno:

1.° Derrota dos monárquicos;

2.° Unificação da República.

Viva a República!

Toda a assemblea correspondeu de pé.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente: - Vai entrar-se na. ordem do dia.

Como V. Exas. sabem faleceu o Presidente eleito da República do Brasil, Sr. Dr. Rodrigues Alves.

Rodrigues Alves foi uma das figuras mais brilhantes que o Brasil teve nos últimos tempos.

O Sr. Adelino Mendes: - V. Exa. tem de ler uma proposta minha que está sôbre a Mesa.

O Sr. Presidente: - Estamos na ordem do dia.

A intimidade de relações, verdadeiramente fraternais, que nos ligam ao Brasil, determinou-me a fixar para ordem do dia desta sessão a homenagem de respeito e saudade devida à memória do seu ilustre Presidente, Sr. Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves há pouco falecido, um dos mais eminentes estadistas que têm presidido aos destinos dos povos.

Nascido na província de S. Paulo do Brasil, duas vezes Presidente de Estado da sua naturalidade, duas vozes Ministro da República e duas vezes eleito seu Presidente, a sua folha de serviços, prestados aos seus concidadãos, tam larga como brilhante, é da ordem daquelas que abrem com justo fundamento um lugar de honra e de reconhecimento no coração dos povos e que a história regista em páginas de inolvidável renome.

Filho de pais portugueses e amigo dedicado do nosso país, o brilho da sua acção de estadista, transpõe as largas fronteiras daquela formosa República e vem reflectir-se em revérberos de glória na raça lusitana, que SP orgulha do incontestável direito de a apontar ao mundo como a obra prima do seu génio colonial e do seu antigo poderio.

Doente nestes últimos meses, não chegou o ilustre extinto a tomar posse pela segunda vez da sua alta magistratura, mas a obra de largo fomento e arrojada iniciativa que o seu espírito sabiamente reformador planeara e iniciara no quadriénio em que a exerceu, por tal forma vingou e tam eficazmente se expandiu, que o Brasil, lançado no caminho de todos os progressos intelectuais, morais e materiais, pode hoje considerar-se seguro de alcançar ràpidamente um lugar de honroso destaque entre as nações mais ricas, prósperas e poderosas do mundo.

Compreende-se, por isso, com quanta amargura o dor o Brasil vê desaparecer da scena pública dos seus notáveis estadistas um dos mais insignes, como se compreende com quanta sinceridade, nós, os portugueses, nos associamos e partilhamos a dor e o luto da nação irmã.

Deixando à Câmara o cuidado de tornar tam significativo quanto possível a nossa comparticipação em tam grande pezar, desde já proponho que só exaro na acta um voto de profundo sentimento pela perda do ilustre extinto, o qual será communi-