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Sessão de 3 de Fevereiro de 1919 9

tuando, não nos acobertando através de falsas e mesquinhas politiquices, não a envolvendo, nas. Cobras das conveniências partidárias.

É preciso defender essa República, como a República deve ser defendida, com unhas e com dentes, com as armas na mão, com o punhal, com a espingarda, de todas as fornias, tam intransigentemente, como essa República é atacada pelos seus inimigos, com as mesmas armais que contra nós, republicanos, só levantam.

Não defendo nesta hora. perante o Govêrno da República que à frente de nós está, a idea da realização de qualquer crime, porque os crimes nunca se defendem.

Mas prego a idea da energia feroz na defesa da República.

Ataquei - desculpem-me que o diga com orgulho - ataquei, mais do que ninguém, todas as violências de Governos aparentemente republicanos, contra a imprensa, contra á liberdade de pensamento, contra o exercício de todos os direitos consignados na Constituição, aqueles direitos que são sagrados, e privados dos quais nos transformamos em autómatos, indignos de fazer parte da comunidade dos povos civilizados, dos povos livres.

Não podia, pois, vir aqui fazer a defesa de processos criminosos: hoje, como ontem, eu ataco êsses mesmos processos. Não defendo ataques pessoais aos monárquicos, sé bem que defenda tenazmente a idea de arrazar de vez todas; as veleidades restauracionistas dêsses homens, que em 5 de Outubro fugiram cobardemente e agora se propuseram mais uma vez para reeditar a façanha da fuga.

Nada de trauliteiros. Nada de transformarmos as prisões em tortorium inquisitorial. Nada de reeditar o crê ou morres do fanatismo ancestral. Nada de Solaris nem de Couceiros.

Mas sejamos republicanos, saibamos sê-lo, duma vez para sempre.

Defendamo-nos deles, dêsses monárquicos, que, quando querem, sabem fingir de sereias: não acreditemos na sua palavra de honra.

Se João de Almeida nos vier dar a sua palavra de honra de que nada tem com os homens lá do norte, saibamos dizer-lhe terminantemente que não acreditamos nela. Tambêm Aires de Ornelas era muito honesto e mentiu descaradamente, como um perro.

Se amanhã êles forem presos, não lhes demos a liberdade, e mantenhamo-los no segrêdo das prisões, como êles nos fizeram, com a mesma energia feroz com que Governos republicanos lá nos mantiveram com o auxilio dos monárquicos.

Quando foi da revolta de Santarém, eu e mais quatro companheiros estivemos incomunicáveis 52 horas, ainda depois da traição monárquica no Pôrto e Lisboa, pela boca dos canhões, andar cantando a miséria da sua traição, o de profundas do seu lial apoio.

E o nosso carcereiro obedecia às ordens dum alto comissário da República, que é nosso colega nesta casa. E êste deveria, por sua vez, obedecer às ordens do Presidente do Ministério.

Dirão êsses senhores que isso era legítimo direito de criaturas atacadas.

Não os censuro, por isso que procederam de harmonia com um legítimo direito de defesa. Ataquei e defenderam-se. Mas ninguém estranhará, também, que eu peça para os adversários cobardes que faltam à sua palavra de honra e que nos atacam pelas costas, ninguém estranhará que para êsses eu peça a mesma incomunicabilidade que nos aplicaram, que exija todas as violências que sejam compatíveis com a lei.

Espero, pois, que o Govêrno, consciente da alta missão que lhe está confiada, com a lei na mão e rymea se desviando dela, violentamente, em nome da defesa da República e da salvação da Pátria, a aplique, sem transigências, sem fraquezas e sem demora. E para isso eu não pregunto ao Sr. Presidente do Ministério como foi que constituiu êsse Ministério, não lhe pregunto de que facções vêm os Ministros que, nesta hora tremenda para a República, foram chamados a defender os interêsses da nação.

Uma única cousa peço, uma única cousa exijo, como cidadão, como republicano e como português. E vem a ser que o Sr. Presidente do Ministério exija, igualmente, que todos os seus colaboradores sejam republicanos, e nada mais.

Quanto às diversas pastas, quanto á sua divisão pelos diferentes, partidos, isso - permitam-me V. Exas. a expressão - isso