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8 Diário da Câmara dos Deputados

a República, a sua ambição é salvar a República.

Nem um só instante desfalecerá na execução do seu mandato, e, seguro da confiança do Chefe do Estado, do apoio patriótico do Parlamento Português, da sublime dedicação do povo republicano e do indomável valor das fôrças fiéis de terra e mar, afirma bem alto a sua fé inabalável no triunfo e jura defender a República até o último dos sacrifícios, até a máxima das abnegações.

Lisboa, 3 de Fevereiro de 1919".

Vozes: - Muito bem, muito bom.

O Sr. Malheiro Reimão: - Sr. Presidente: em nome da maioria parlamentar, devo declarar que foi com o maior prazer, com a maior satisfação, com o maior vivo entusiasmo, que ouvi ler a declaração ministerial.

Ela satisfez-nos plenamente e mais ainda nos satisfazem as afirmações do Sr. Presidente do Ministério, o seu desejo do colaborar com o Parlamento.

O Poder Legislativo está ao lado do Govêrno para tudo o que seja a defesa da República e a manutenção da ordem.

O Govêrno encontrará em nós o apoio mais altamente republicano para levar ao fim a obra de que se encarregou e que é de tanta grandiosidade.

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Lial: - Sr. Presidente: tendo feito tantas vezes oposição aos Governos que se tem sucedido no Poder nestes anos de República, apraz-me imenso ter de apoiar uma vez um Govêrno embora tenha de apoiá-lo numa das ocasiões mais críticas da vida política da República.

Sr. Presidente: noto que somos hoje dentro desta Câmara uma pequena minoria é que nos faltam muitos dos correligionários, e não correligionários que aqui fizeram oposição a uma obra republicana, verdadeiramente republicana.

Não está no meu carácter fazer uma acusação cerrada a essas criaturas que, por motivos de ordem vária, faltam nesta casa; mas, é meu dever de republicano, dever do homem sincero, frisar o contraste entre a atitude que êsses homens muitas vezes aqui puseram em destaque através das suas palavras untuosas e os seus actos, como os da Serra de Monsanto e do Pôrto.

Recordo-me, ainda, duma das mais brilhantes, das mais entusiásticas manifestações que se fizeram dentro desta Câmara.

Um dia o Sr. Aires de Ornelas, leader da minoria monárquica, chegou aqui, todo vibrante de indignação, porque o jornal A República afirmara que não se devia confiar na palavra de honra e no patriotismo dos Deputados monárquicos, para que tudo o que fôsse dito aqui uma sessão secreta não ultrapassasse as paredes desta casa e viesse ao aproveitar o inimigo.

A Câmara, levada pela palavra eloquente do Sr. Aires de Ornelas, deu-lhe o seu incondicional apoio, e aplaudiu-o com todas as mãos que tinha disponíveis, com a excepção apenas, de meia dúzia de caturras e incrédulos, como eu.

Tenho aqui premente as palavras do Sr. Aires de Ornelas. Dizia êle que, neste momento, a bandeira verde-rubra que, lá fora, cobria os nossos soldados nos campos de batalha, era a única bandeira que êle reconhecia como bandeira da Pátria.

Dizia isto o Sr. Aires do Ornelas, quando é certo que, a essas horas, já mandara fabricar as bandeiras azuis e brancas, que haviam de ser as bandeiras da traição do Pôrto e Monsanto.

Sr. Presidente: é que entre nós republicanos e os monárquicos há uma diferença fundamental: nós atacamos cara a cara e somos incapazes de aceitar qualquer situação para depois nos Aditarmos traiçoeiramente contra aqueles que nos estenderam a mão.

E bom que nós os Deputados republicanos, e creio que todos aqui o somos, marquemos essa diferença fundamentalissima, e tiremos dela um motivo de orgulho.

Suponho bem que todos os que aqui estão pensam como eu. (Apoiados).

Sr. Presidente: a nossa única preocupação, o nosso único dever nesta hora tam grave é defender com energia a República acima de todas as cousas. (Apoiados).

Mas defendamo-la, Sr. Presidente, com energia, com convicção, através de todas as dificuldades, não transigindo, não pac-