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10 Diário da Câmara dos Deputados

não me aquenta, nem ine arrefenta. É-me absolutamente indiferente que todos os Ministros sejam evolucionistas, unionistas, do Partido Nacional Republicano ou democráticos.

Que me importa isso, quando os monárquicos estilo no Pôrto e a vida da República periga!

Que sejam todos republicanos, que tenham a mais intonsa fé nos destinos da República - isso é o que se torna indispensável. O resto não me interessa e deixo-o às várias exigências da baixa política, pois no campo da pequena acção que eu possa merecer, como republicano e português, jamais me encontrarão a pedir que ponham mais Ministros dum partido ou menos doutro.

O que exijo é que no Ministério não figure nenhum cristão novo, porque para defender a República, nesta hora de perigo, é indispensável que exista nas almas essa crença, essa fé que não se ganha à última hora, que não se improvisa, que não nasço numa conversa do gabinete para no dia seguinte, em outra conversa do gabinete, se perder.

Ainda me lembro - tenho, felizmente para mim, uma boa memória! - dos tempos em que tendo interrogado alguêm que estava dentro do Ministério, e que nele era uma figura de preponderância, sôbre o estar-se consentindo oficiais monárquicos que tinham conspirado contra a República, e a República readmitira, - andarem por aí apregoando a sua fé monárquica, sem pudor, nem vergonha, ainda me lembro de que êsse alguém sorriu desdenhosamente, olímpicamente. Tam pouco importante, o caso!

Creio que citei então, entre outros, o caso do Sr. Francelino Pimentel continuar a assinar comunicações para o jornal O Liberal, como tesoureiro do monumento aos heróis de Chaves.

Vai então o Sr. Ministro muito suave e terno, respondeu-me que, se eu tivesse sido couceirista, não gostaria de renegar os companheiros de então.

Creio que muitos Srs. Deputados, que estão nesta sala, teriam ouvido essa resposta.

Foi à custa destas transigências cobardes, pactuando-se, minuto a minuto, segundo a segundo, que nós fomos conduzidos à situação miserável e degradante a que chegámos, e que era a duma República que não se apoiava em republicanos (Apoiados) e cujo único esteio eram monárquicos, confessos e retintos.

Como se fôsse possível, um regime firmar-se exclusivamente nas criaturas que eram os seus naturais inimigos.

Tambêm me lembro de ter citado nessa reunião um artigo, assinado por Satúrio Pires, em que só fazia um relato da parada, realizada em homenagem ao saudoso Presidente, o Sr. Sidónio Pais, que me apraz afirmar ser um bom republicano que errou.

Mencionando, um a um, todos os comandantes das fôrças que tinham tomado parte nossa parada, Satúrio Pires não tinha encontrado nem um que não fôsse sou correligionário lial.

E, para justificar o assunto do correligionário, de facto, todos êles estiveram em Monsanto, provando assim que eram monárquicos.

Mas tambêm provaram outra cousa: provaram que a política portuguesa estava vendida aos monárquicos o que quem a dirigia errou.

Ora ou presunto, se as criaturas que erraram, conscientemente ou inconscientemente, podem continuar a fiar cartas na política portuguesa.

Pregunta-se:

É honesto que essas criaturas se não condenem a si próprios ao ostracismo, que merecem pelos erros que, conscientemente ou inconscientemente, praticaram?

É isto que em Portugal se não tem querido ver, e é isto que nos tem conduzido à situação complicada e miserável da nossa vida política.

Não há ninguém que se convença que os erros se expiam.

Uma criatura pode errar, por mais honesta que seja, mas, em política, as criaturas que erram têm de pagar os seus erros.

Que a política não se fez para os imbecis.

A política fez-se para as criaturas inteligentes, a quem erra vai para a oposição.

Convençam-se os políticos disto, e entre nós, republicanos, não haverá mais oposições violentas.

Felizmente não somos todos feitos da mesma massa; há ainda entre nós quem