O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 20 de Fevereiro de 1919 5

diga que a não devo dar por intermédio da Mesa.

Em questões de honra, a Câmara não julga.

O Sr. Presidente: - A Mesa tem obrigação de fazer respeitar todos os Srs. Deputados. Ora, eu não julgo que o Sr. Amâncio de Alpoim tivesse intenção, nas suas palavras, de ofender o Sr. Deputado Fidelino de Figueiredo.

O Orador: - Ninguém presta a V. Exa., Sr. Presidente, maior justiça e mais alto preito de consideração do que eu. Se V. Exa., particularmente, me falasse neste assunto, eu pessoalmente todas as explicações lhe daria, porque eu sei bem quais são os meus deveres e os direitos alheios, por isso sei principalmente também quais são os meus direitos, e deles não abdico.

Coloco apenas as questões onde elas devem ser colocadas.

A política trago-a para aqui; as questões particulares, lá para fora.

Se esse Sr. Deputado tem qualquer explicação a reclamar, particularmente, faça-o dessa maneira, particularmente, mas dessa demarche não tem a Câmara de tomar conhecimento.

Faço a explicação política e mais nenhuma.

Peço a V. Exa., Sr. Presidente, que me reserve a palavra sôbre o assunto, porque posso ter necessidade de voltar a falar.

O Exmo. Presidente não reviu as suas palavras de intervenção, intercaladas no discurso do Sr. Deputado Alpoim.

O Sr. Presidente: - Desde que o Sr. Amâncio do Alpoim declara que só traz para esta Câmara a política, julgo que o incidente deve estar liquidado.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Fidelino de Figueiredo: - Se V Exa., Sr. Presidente, me permite as últimas palavras sôbre o assunto, eu responderei.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Fidelino de Figueiredo.

O Sr. Fidelino de Figueiredo: - Sr. Presidente: êste assunto não é político, e por isso não deve ser considerado como tal.

O Sr. Deputado Amâncio de Alpoim, cujo nome eu não tenho pejo em pronunciar aqui, como S. Exa. tem de pronunciar o meu, esteve a apreciar a minha qualidade política, mas não respondeu, categoricamente, à minha pregunta.

É um princípio de boa correcção e de boa cortezia que onde a afronta se faz. ou é praticada, aí deve ser ela desfeita. (Apoiados).

Aquela frase, dita ou não, teve lima longa publicidade, e ela é perigosa, não tanto pelo que significa, como pelo que deixa a duvidar.

Neste momento, em que o meu nome anda na boca de todos, em que eu sou alvo de manifestações hostis, em que eu, como funcionário do Ministério da Instrução, estou sendo objecto duma sindicância, aquelas palavras deixam adivinhar o conteúdo que se lhes quis atribuir, e V. Exa., Sr. Presidente, que tem uma carreira bem mais adiantada do que a minha, e, como eu há pouco disse, cujo carácter está acima de qualquer suspeição, V. Exa. deve prestar à minha indignação a devida justiça.

Sr. Presidente: há o direito de exigir a um homem todos os sacrifícios, e, desde 5 de Dezembro, eu fiz todos os que podia fazer.

Dei o concurso mais lial das conclusões a que tinha chegado no recolhimento do meu gabinete, porque nunca regateei o meu concurso lial e desinteressado; e eu que, na minha vida, tenho sofrido vária s acusações, nunca da minha honra alguém disse que ela fora desonesta.

A minha honra foi salpicada, e eu nessa parte sou muito cioso da minha personalidade.

Portanto, a questão reduz-se ao seguinte : ou a frase foi pronunciada nesta Câmara ou não. Diz-se que essa frase foi pronunciada nesta Câmara, se foi pronunciada nesta Câmara; da deve ser, aqui., retirada pelo Sr. Deputado que a pronunciou. Essa frase foi publicada no relato dos jornais e, portanto, é aí que deve ser dada a sua explicação.

Sr. Presidente: para terminar as minhas considerações, peço a V. Exa., Sr. Presidente, que muito nitidamente, com a clareza do método scientífico que me ensinaram, pregunte ao Sr. Deputado que pronunciou essa frase, contra o qual não