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14 Diário da Câmara dos Deputados

tando a combinação que tinha grangeado a aceitação dos partidos Socialista, Popular e Liberal.

O Sr. Júlio Martins: - Mas o Partido Democrático continuou a desdobrar.

O Orador: - Peço perdão. Não é exacto. Não se pode aventar que em partidos numerosos ou pequenos uma opinião ou idea seja representada pela totalidade dos seus membros. O que imprime carácter a um partido, ou dá valia às suas decisões são as maiorias, e o facto de, dentro da maioria, um dos seus membros votar num dado sentido não pode dar carácter às deliberações. (Apoiados).

O que se demonstra é que a maioria parlamentar estava disposta a conciliar todos os interêsses, aceitando todos os pontos de vista, fossem quais fossem, abandonando as suas prerrogativas com o fim de conseguir a união de todos os agrupamentos para o bem da República e da Pátria.

O Sr. Presidente: - Depois das declarações feitas pelos Sr s. Júlio Martins e Costa Júnior não posso deixar de significar à Câmara o meu desgosto perante a resolução inesperada dos grupos parlamentares Popular e Socialista de se absterem da sua representação nas comissões que vão ser eleitas. Lamento muito profundamente essa decisão, porque ela impede que o incidente, em virtude do qual a Mesa teve de renunciar, fôsse resolvido pela forma única que traria o prometido acôrdo entre todos os grupos políticos desta Câmara.

O momento que vamos atravessando é por demais grave, e por isso me convenci, de harmonia com os representantes de todos os lados da Câmara, que sôbre o assunto realizaram algumas conferencias, de que o incidente de ontem obteria uma solução conciliatória apenas por intermédio do acto de renúncia colectiva dos Deputados eleitos para os diferentes cargos da Mesa. E para chegarmos a essa solução, renunciamos. Confesso que raras vezes na minha vida me tenho constrangido tanto. Nunca, mesmo, me senti tam contrariado em face da resolução duma dificuldade. Renunciar, já no propósito combinado de aceitar de novo o lugar a que se renuncia, foi o que eu fiz. Mas reconheceu-se que tinha de ser assim para evitar inconvenientes de vulto que viriam embaraçar o trabalho útil desta Câmara. Fiz um sacrifício e não o seria se tivesse renunciado para não voltar a êste lugar, onde, aliás, seria substituído com todas as vantagens.

A renúncia nas condições em que a Mesa a apresentou, considero-a como um facto excepcional em qualquer Parlamento. Mas era a maneira única de impedir que o Partido Republicano Liberal mantivesse a resolução de não se fazer representar nas comissões parlamentares. Verifico, porem, que não foi uma solução que a todos pusesse do acordo, como se disse, e sinto-me muito magoado ao verificá-lo. O Partido Republicano Liberal entra nas comissões; mas são agora os Partidos Socialista e Popular que declaram a sua escusa a fazer parte delas. Não era êsse resultado que se procurava.

Eu peço - do alto da minha cadeira, como representante da Câmara, e com a confiança a que me autoriza o voto unanimo que mo elegeu - aos Srs. Deputados dos grupos parlamentares Popular e Socialista que abandonem a sua resolução. Seria mais uma prova da sua abnegação republicana, do seu patriotismo, do seu espírito de conciliação tantas vozes demonstrado nesta Câmara. E necessária a colaboração de todos os partidos na obra que o País de nós exige e que é muito vasta e muito difícil. Precisamos todos de colocar acima de tudo a República para a prestigiarmos e exalçarmos com um trabalho fecundo e útil em resultados benéficos para o País. A hora é muito grave. Temos uma grande missão a realizar. Não podemos escusar-nos a contribuir para que ela seja profícua, e o esfôrço de todas as inteligências e de todas as boas vontades é indispensável para o seu bom êxito. Abandonemos as escusadas divergências que nos separam, e entendamo-nos num necessário acôrdo de vontades que nos una. Renunciei há pouco para conseguir a modificação da resolução do Partido Republicano Liberal. Mantendo-me agora neste lugar - e a despeito das declarações dos leaders popular e socialista - bem possível é que a minha atitude seja interpretada, embora injustamente, como sendo a de quem nesta cadeira dá a um dos lados da Câmara uma