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10 Diário da Câmara dos Deputados

O Sr. Campos Melo: - Não peço a dissolução da Câmara a V. Exa.

Mande averiguar êsses factos. Não quero que proceda contra a lei: investigue, nada mais.

O Orador: - Tive conhecimento de que tinha havido irregularidades. Mas mandei averiguar.

O caso não é de natureza a poder intervir o Ministério do Interior, dada a autonomia das câmaras municipais.

O Govêrno não podia pois intervir. O funcionário pode protestar contra o facto.

Havendo qualquer maneira do Poder Executivo intervir, intervim.

Interrupção do Sr. Campos Melo.

V. Exa. pode comunicar se tem elementos.

Interrupção do Sr. Campos Melo.

V. Exa. não me comunicou o que sabe e, ninguêm mo dizendo, fico ignorando absolutamente o que se passa e em condições de nada poder fazer.

Permita V. Exa., Sr. Presidente, que, desde que estou no uso da palavra, mande para a Mesa dois projectos de lei.

Um é sôbre os emolumentos dos funcionários, para que sejam distribuídos do mesmo modo.

Outro e para podermos comemorar por alguma forma a entrada de Portugal na guerra.

Sabem V. Exas. que se formou em todo o País, pela iniciativa de Leal da Câmara, um movimento destinado a perpetuar em França a entrada de Portugal na grande guerra por uma forma permanente e duradoura.

Portugal colocou-se ao lado dos exércitos franceses o ingleses, aí combatendo, e é justo e necessário que nas terras de França, onde tantos portugueses perderam a vida, fique perpetuada a nossa passagem.

A melhor maneira de o fazer, constituindo ao mesmo tempo uma constante propaganda de Portugal, é realmente a construção duma aldeia com todas as características das nossas.

A idea foi bem recebida por todo o País e há até no estrangeiro quem, não tendo entrado na guerra, pensou imitá-la.

Formou-se, por iniciativa do Sr. Lial da Câmara, uma grande comissão que procurou angariar no País e no Brasil os meios necessários para levar a cabo êsse empreendimento.

Procurado por S. Exa., depois de estar organizada a grande comissão, e solicitado o auxílio do Govêrno, pareceu-me que a idea era simpática e, mais do que isso, patriótica porque, alêm de tudo, procurava construir um cemitério na aldeia portuguesa, para onde deviam ir os restos mortais daqueles que pagaram com a vida a entrada de Portugal na grande guerra. (Apoiados).

O Govêrno julgou patriótica a idea e julgou conveniente que o Pais contribuísse para a construção dessa aldeia.

Por essa razão só formulou a proposta de lei que eu tenho a honra de mandar para a Mesa, pela qual o Govêrno fica autorizado a contribuir com 100 contos para a construção da aldeia portuguesa.

O Sr. Ramada Curto: - V. Exa. dá-me licença?

A aldeia portuguesa a construir em França é com todos os caraterísticos da aldeia portuguesa?

O Orador: - Sim, senhor. A aldeia é construída por duas maneiras: uma parte dela é construída por iniciativa da comissão, a outra por particulares, devendo, no emtanto, a construção obedecer aos característicos da aldeia portuguesa.

O Sr. Ramada Curto: - Isto é, casas sem cubagem de ar, acanhadas; famílias em promiscuidade com animais, etc., pois que êsse é que é o característico da aldeia portuguesa. E se assim é, eu voto contra a proposta de V. Exa.; mas se é uma aldeia arejada e limpa, com todas as condições modernas higiénicas, é uma cousa muito bonita, mas não é portuguesa.

O Orador: - V. Exa. faz parte dessa comissão, e essa comissão que lhe agradeça a maneira como V. Exa. defende os seus interêsses nesta casa do Parlamento.

O Sr. Ramada Curto: - Exactamente porque não concordo com as suas ideas, é que ainda não fui a nenhuma reunião. O País não tem dinheiro para luxos!...