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16 Diário da Câmara doa Deputados

mas uma indemnização dos gastos que tinha feito. Passou-se isto em Outubro de 1913, e o Sr. Codina, que não era funcionário do Ministério dos Abastecimentos, mas do Ministério das Finanças, foi apenas o agente da compra dos trigos que não comprou. Foi só mais tarde, em Maio, quando todo o negócio do trigo estava fechado, que o Sr. Codina foi convidado para chefe do gabinete do Sr. Brito Guimarães, e, em Junho, nomeado inspector dos celeiros municipais, em comissão, que rápidamente acabou como a Câmara sabe, regressando então êsse funcionário ao seu modesto lugar no Ministério das Finanças.

Êste é o caso dos trigos. Todas as minhas considerações resultarão, porêm, inúteis se não fôr o Sr. Codina o atingido pelas acusações feitas na conferência a que me referi no início do meu discurso. Mas só é realmente o Sr. Codina, a Câmara não vê com surpresa a promoção dêste modesto funcionário a marechal.

Verifico que êle de facto não tem categoria política para comprometer um Partido, mas reconheço tambêm como a Câmara deve reconhecer, que tudo quanto expus, e que consta de documentos, prova bem que esto funcionário, embora modesto, é um funcionário hábil e é um cidadão honrado.

A Câmara vê que o Partido Republicano Liberal podia dar-lhe a êle, como a tantos outros, sôbre os quais nenhuma acusação pesa, a sua inteira e devida solidariedade. (Apoiados).

Sr. Presidente: êste foi o caso do trigo, e não fazia êle parte da minha interpelação, mas a Câmara, que vê que se trata duma questão de alta moralidade, que se trata não apenas de um ou dois homens, mas, nos termos em que a questão foi posta, de todo um Partido, de toda a sua honorabilidade, a Câmara compreende e desculpa que eu, no objecto principal da minha interpelação, enxertasse êste caso mínimo da compra de trigos.

Vejamos agora a questão do arroz.

A êste respeito eu não poderia ter dúvidas sôbre quem era a pessoa visada, porque o sabia perfeitamente, e tanto que no meu jornal, e por mais duma vez, eu fiz alusão a êsse caso. Por mais duma vez eu pedi na Luta que se liquidasse a questão do arroz.

De resto, e segundo ò relato do Grito do Povo, ao ser enunciado em reunião pública p negócio do arroz, vozes gritaram: "É o Sr. Augusto de Vasconcelos".

De facto era êste senhor o Ministro de Portugal em Espanha quando se tratou do negócio do arroz.

Sr. Presidente: desta vez coube bem ao visado a categoria que se lhe atribui de marechal, porque, não apenas pelos seus merecimentos próprios, que tem muitos, mas pela situação bem merecida que tem ocupado dentro da República, Presidente do Ministério, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Ministro plenipotenciário em Espanha e Inglaterra, elo tem, na verdade, a categoria suficiente para ser tratado de marechal.

Pois, Sr. Presidente, o Sr. Augusto de Vasconcelos era realmente o Ministro de Portugal em Madrid quando se efectuou o negócio do arroz e foi êle desta vez, falo duma forma afirmativa, foi êle o visado na conferência pública a que me venho de referir.

Devo dizer que pratiquei um êrro de facto quando escrevi na minha nota do interpelação que a compra se fizera no dezembrismo. Realmente o dezembrismo encontrou na sua herança política o negócio do arroz, e como não soube, não quis ou não pôde resolvê-lo, deixou-o tambêm na sua herança política para os que vieram depois, tendo sido iniciado em Março de 1917, segundo os documentos.

Vejamos então, Sr. Presidente, o que foi, o que tem sido, é que é e quere-me parecer que continuará a ser o negócio do arroz.

Em Março de 1917 um espanhol de nome Casimiro Reis fez à comissão de abastecimentos, que era então presidida pelo Sr. Freire de Andrade, uma proposta para o fornecimento de 1:500 toneladas de arroz, adquirido em Espanha, nas condições que constam do respectivo contrato, o qual se encontra no processo que V. Exas. podem consultar e que está no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A comissão do abastecimentos deu parecer favorável à proposta de Casimiro Reis, e o Ministro conformou-se com êsse parecer. Simplesmente a proposta era feita em papel comum, e entendeu-se de pois que devia ser renovada, mas em pa-