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Sessão de 8 de Dezembro de 1919 21

e pode ser, um trabalhador honrado, que eu invoquei a sua qualidade de agente de polícia, mas apenas para mostrar à Câmara que esto homem, num negócio de tanta monta, havia procedido com a maior leviandade, se é que não procedeu com a maior incorrecção, prestando se a dar informações interesseiras que não devia divulgar. Eu li muito intencionalmente parte do relatório de Lafuente, exactamente para que a Câmara se certificasse de que êsse indivíduo não tinha procedido com aquele escrúpulo que seria para desejar, tratando-se, como se tratava, dum negócio de bastante importância.

O Sr. Presidente: - Advirto V. Exa. de que faltam apenas quinze minutos para se encerrar a sessão.

O Orador: - Eu termino já.

Vozes: - Fale, fale!

O Orador: - Na Legação de Madrid há um outro funcionário, hoje secretário de legação, homem que tem um largo tirocínio àò negócios diplomáticos, que é bastante inteligente e ilustrado, e, a meu ver, de toda a seriedade, que resolveu fazer, êle próprio, um inquérito à questão do arroz. Êste funcionário é o Sr. Vasco de Quevedo e fala o espanhol com. tanta perfeição como a sua própria língua.

O Sr. Vasco do Quevedo resolveu ir a Valência fazer o seu inquérito; foi realmente lá e manda paru Lisboa o seguinte telegrama:

"Regressei de Valência ontem do manha, tendo verificado directamente verdadeiras afirmações Reys. Tem grande armazém cheio sacos do arroz de que tirei amostras, que devem ser os 7:416 a que só refere e mais 1:300 contratados com Giner Matores, pelos quais já entregou um sinal de 10 pesetas por cada saco. Amanhã falo ao Sr. Ventosa, insistindo renovação respectiva licença exportação, informando-lhe comprovado Reys. Tem arroz, ao contrário S. Exa. julgava".

Este é o telegrama que o secretário da Legação em Madrid mandou para Lisboa, confirmado mais tarde por um ofício.

O Sr. Vasco de Quevedo, que mandou para Lisboa o telegrama que acabo de ler à Câmara, confirma os dizeres dêsse seu telegrama no oficio seguinte:

"Efectivamente tive ocasião de verificar a existência de uma enorme quantidade de arroz, de que tirei amostra, depositado num dos cais da estação da Companhia dos Carros Eléctricos de Valência, situada nas proximidades do porto de Grão, a quatro quilómetros dá cidade, armazém que foi para êsse fim arrendado por Casimiro Reys. O referido cais mede uns trinta metros de comprido por doze de largo e encontra-se completamente atestado de sacos do arroz, quási até o telhado.

Interroguei discretamente diferentes pessoas, fazendo-me passar por espanhol, acêrca do tempo que levava o referido cereal em depósito, e todos me declararam que havia mais de um ano que ali só encontrava.

Como tive a honra de informar V. Exa., Casimiro Reys havia-me afirmado ter arranjado aquele arroz no mós de Junho de 1917. Tanto o encarregado da guarda do cereal. como outras pessoas, afirmaram que êle pertencia a Casimiro Reys, e o vice-cônsul de Portugal deu fé de que aquela compra havia sido feita a Ricardo Pessaña, tal como o mesmo Reys me havia declarado. Acêrca dos 13: - 000 sacos de arroz que C. Reys declara ter contratados com o negociante Ginor Matores, e pelos quais teria já entregue dez pesetas por cada saco, como sinal, tendo sido ouvido o referido Matores, negociante estabelecido em Valência, confirmou inteiramente as alegações de C. Reys".

Sr. Presidente: parece-me bastante elucidativo êste documento.

Como V. Exa. vê, Sr. Presidente, êste ponto, que é muito importante, ficou liquidado no que diz respeito às responsabilidades que podiam atribuir-se alegação de Portugal em Madrid até fins de 1917, da forma mais satisfatória, conforme o relatório, que acabo de ler, do Sr. Vasco de Quevedo.

Mas já depois disso, no decorrer do corrente ano, sendo Ministro de Portugal em Madrid o Sr. Couceiro da Costa, S. Exa. teve ocasião de pedir ao Govêrno Espanhol o permis de 4:000 toneladas de arroz, reportando-se á existência que havia em Valência e escrevendo estas pala-