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20 Diário da Câmara dos Deputados

va plena e; justificadámente convencida de que Casimiro Reys nem sequer tinha comprado o arroz.

O Sr. Júlio Martins: - Não era só em Portugal!

O Orador: - Eu lá vou. Nem admira que em Portugal houvesse quem disso estivesse convencido, porque tambêm muita gente em Espanha, e em altas situações, o próprio Ministro, estava convencido, Q tanto que o disso que Casimiro Reys não tinha comprado o arroz. O Sr. Ventosa, Director Gorai dos Abastecimentos, assim pensava:

"Em 18 de Junho de 1918 o Ministro de Estado comunica à legação que tendo sido permitida a exportação de 2:000 toneladas, que ainda não foi aproveitada - sino que parece ni nun sido adquirido - essa concessão caduca rio dia 30. O encarregado de negócios assim informa para Lisboa, e o Secretário dos Negócios Estrangeiros, Sr. Espírito Santo Lima, ordem que seja intimado o espanhol a restituir o dinheiro, e no caso de recusa seja chamado aos tribunais".

O Sr. Júlio Martins: - Há tambêm um telegrama do Sr. Sidónio Pais ao Sr. Egas Moniz.

O Orador: - Eu fiz um salto para abreviar as minhas considerações e concluir hoje.

O que era indispensável era realmente averiguar se o espanhol tinha ou não comprado o arroz, verificar se êle tinha comprado a arroz. Estava aí a segurança para o Govêrno Português, porque o seu dinheiro, pelo menos na totalidade, não seria perdido.

Como o Sr. Júlio Martins faz referência a um despacho do Sr. Sidónio Pais, eu direi que do facto em Março de 1918 o Sr. Machado Santos oficiava, a respeito do arroz, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, que então estava a cargo do Sr. Sidónio Pais, e êle mandava que o espanhol ou entregasse o arroz ou o dinheiro, ou fôsse chamado aos tribunais.

Foi êste o despacho do Sr. Sidónio Pais, que continuou a ser não Ministro dos Negócios Estrangeires, mas Presidente, vindo a morrer em Dezembro de 1918.

Houve êste despacho, mas ainda não vi nem chegar o arroz, nem o espanhol entregar o dinheiro ou ser chamado aos tribunais. Mós o que fez o Sr. Sidónio Pais, tinham-no feito os outros Ministros dos Negócios Estrangeiros. Ora, a primeira cousa a fazer nestas circunstâncias, seria verificar a existência do arroz, e, só depois, não existindo o arroz e não sendo restituído o dinheiro, chamar o espanhol aos tribunais.

A Legação encarregou-se do assunto. Já então o Sr. Augusto do Vasconcelos não estava em Madrid e assim não presidiu ao negócio do arroz.

O primeiro documento é de Janeiro de 1917, embora as propostas de Casimiro Reys sejam de 1 e 16 de Março.

O Sr. Augusto de Vasconcelos deixou de ser Ministro em Madrid em Dezembro e foi-lhe pedido pelo Govêrno do então, que ainda voltasse a Madrid a ultimar uma negociação, que não tenho necessidade de dizer à Câmara qual fôsse, pois não só refere ao arroz.

Tudo que estou referindo para passou-se em 1917, quando o Sr. Augusto de Vasconcelos já estava em Londres.

Um empregado da Legação foi encarregado de saber se o espanhol já havia comprado arroz. Todos os Srs. Deputados que tora passado por Madrid conhecem o modesto agente da Legação, e digamos que é um criado, um polícia, que faz recados, aqueles serviços de informações secretas que fazem êsses agentes.

O Sr. Lafuente, em relatório apresentado à Legação, dizia o seguinte:

"Devidamente informado, manifesto o seguinte: O Sr. Reys diz por toda a parte que em Valência tem uma grande quantidade de arroz num armazém, à disposição do Govêrno Português, esperando que o Govêrno Espanhol autorize a exportação. Pois bem; a minha opinião (depois do resultado das minhas, investigações) é que o Sr. Reis não tem um bago do arroz, nem em Valência nem em parte alguma. Não me atrevo a dizer que nunca o tivesse alguma vez; mas se o teve, foi há muito tempo, enviando-o a França. Depois não voltou a ter absolutamente nada de arroz".

Não foi para depreciar! Lafuente que, sendo um trabalhador modesto, podia ser;