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Sessão de 8 de Dezembro de 1919 17

Sua Majestade, venho solicitar de V. Exa. um alto favor, que muito poderia concorrer para atenuar essa crise.

Havendo ainda disponibilidade de arroz em Espanha, poderia o Govêrno de Sua Majestade ceder-nos 8:000 toneladas, que, com muito empenho, vou pedir ao Sr. Ministro de Estado. Dependendo, porêm, esta concessão particularmente da informação de V. Exa., permita-me que solicite a sua benevolência para um deferimento tanto quanto possível completo da nossa pretensão".

Devo dizer à Câmara, como esclarecimento, que o Sr. Augusto de Vasconcelos, na carta dirigida ao Ministro da Fazenda do país vizinho, pedia 8:000 toneladas e não 4:000, porque a amigável e particular indicação do Govêrno Espanhol o aconselhou a pedir maior quantidade para obter aquela que desejava.

O Sr. António Maria da Silva: - Negado de peixe!

O Orador: - Ele queria as 4:000 toneladas e pedia as 8:000 para que o Govêrno Espanhol, inteiramente à sua vontade - pois era assediado por toda a parte - pudesse dizer que tinha cedido a Portugal apenas metade do que pedia. Toda a gente sabe como isto se faz todos os dias em negócios com o Govêrno.

O Ministro de Estado em Espanha respondia a esta carta de modo favorável, mas não concedendo mais de 4:000 toneladas.

O Ministro de Portugal agradeceu nos seguintes termos:

"Exmo. Sr. D. Juan Alvarado, meu prezado Ministro e amigo.- Muito penhorado lhe agradeço a V. Exa. a concessão das 4:000 toneladas de arroz, livres de compensação, que V. Exa. me anuncia na sua carta do ontem. O delegado do Govêrno, encarregado pela comissão de subsistências de adquirir o arroz, é o Sr. Casimiro Reys Ortiz Raudo, que tenciona exportá-lo pelo porto de Valência,".

Esta carta tem a data de 21 de Maio O Sr. Alvarado tinha mostrado as disposições favoráveis do Govêrno Espanhol em relação ao pedido feito pela legação, mas tinha dito a esta que muito agradável seria para o Govêrno Espanhol que o Govêrno Português fizesse algumas concessões de que a Espanha muito necessitava.

Um àparte do Sr. Júlio Martins.

O Orador : -Como V. Exas. vêem, Casimiro Reys era tam delegado ou agente do Govêrno Português que nesta comunicação, entre o Govêrno de Portugal e o Govêrno de Espanha, essa qualidade lhe era atribuída e confirmada.

O Sr. Júlio Martins: - Qualidade que o Govêrno Espanhol não aceitou...

O Orador: - Quere dizer, eu friso êste ponto de comunicação feito ao Govêrno Espanhol para mostrar que o encarregado não era a legação, mas determinado cidadão espanhol.

O Sr. António Maria da Silva: - O Sr.

Augusto de Vasconcelos, que sabia que êle era criatura absolutamente desconceituada, porque o nomeou? É fantástico!

O Orador: - Como podia êle saber isso?

O Sr. António Maria da Silva: - É que V. Exa. ignora o contrato. Provarei que o que está dizendo não tem valor algum.

O Orador: - Vêem V. Exas. que, por instâncias da Legação de Portugal em Madrid, foi concedido o permis de exportação para quatro mil toneladas de arroz, sendo agente da compra Casimiro Reys, com quem o Govêrno Espanhol tinha feito o respectivo contrato.

E tambêm se dizia que o arroz deveria ser pago dos vendedores. Tambêm fiz notar o absurdo destas indicações.

Foi a direcção da fazenda pública que abriu em Madrid um crédito e disse expressamente ao Ministro que deveria pagar o arroz. Nenhuma outra indicação...

O Sr. António Maria da Silva: - V. Exa. que já foi Ministro deve conhecer a organização dos serviços.

O Orador: - V. Exa. está a abrir uma porta que está aberta ...

Sr. Presidente: nesta mesma data o Ministro dizia para Lisboa que o Govêrno