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24 Diário da Câmara dos Deputados

próprio Sr. Augusto de Vasconcelos, bem como é necessário que nos compenetremos, duma vez para sempre, que se necessita de muito cuidado com os dinheiros do Estado e que a República só anda bem zelande os seus interêsses, porque só assim merecerá a confiança que lhe falta dos elementos populares. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

O Sr. Brito Camacho: - Muito mal, digo eu.

O Sr. José de Almeida: - Terminei bem, em meu entender, e isso me basta. (Apoiados).

O orador não reviu nem o Sr. Camacho reviu os seus "àpartes".

Antes de se encerrar a sessão

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): - Sr. Presidente: eu terei de resumir as considerações que tinha a fazer atendendo a que o Regimento me marca o espaço diminuto de 5 minutos para usar da palavra antes de se encerrar a sessão, mas não quero deixar do aproveitar a presença do Sr. Presidente do Ministério com receio de que S. Exa., amanhã e nos dias seguintes, adoeça, como adoeceu ontem, cousa que eu muito lamento, para tratar duma questão que eu reputo importantíssima.

Viu o Sr. Presidente do Ministério votado nesta Câmara, e com certeza vê-lo há votada dentro em breve no Senado, um aumento de 15.000$ da verba para sindicâncias e inquéritos.

Eu, a admitir como boas as afirmações feitas por S. Exa. nesta Câmara, de que, para satisfazer as despesas já feitas com sindicâncias e inquéritos são necessários apenas 8.000$, consèquentemente verifico que fica uma margem de 7.000$ .para sindicâncias e inquéritos a realizar no futuro.

Ora eu recebi há dias pelo Ministério do Interior documentos que, certamente, S. Exa. não ignora, e que eu preciso denunciar à Câmara, a fim de que se tomem as providências precisas para que casos dêstes não fiquem no silêncio.

Eu pedi que, pelo Ministério do Interior, me fôsse fornecida uma nota detalhada das receitas cobradas, pela polícia, das casas de jôgo durante o dezembrismo.

Pedi mais uma nota de qual a aplicação dessas importâncias, e, com espanto meu, recebi do Ministério do Interior uma comunicação.

Foi-me tambêm fornecida, gostosamente o declaro, uma nota das importâncias recebidas pelo actual governador civil, o meu ilustre amigo Sr. Prestes Salgueiro, e qual tinha sido a sua aplicação.

Aproveito a ocasião para prestar a S. Exa. o preito da minha muita homenagem, porquanto se demonstra, com a documentação que me foi fornecida, que S. Exa. não descura a sua principal função.

No relatório que me enviaram, eu, Sr. Presidente, concluo, à vol d'oiseau, que as importâncias recebidas das casas de jôgo, descontando as que não funcionaram durante algum tempo, por vários motivos, e as que se encerraram, oscilam entre 10 e 17 contos, o que dá a quantia de 115.350$, cobrados de 30 de Março a 30 do Setembro.

Eu tinha ouvido dizer em toda a parte que a administração do dezembrismo foi ruinosíssima para o País, mas até o presente não tinha provas, aceitando como boas essas informações. Mas eu tenho aqui, me parece, os elementos precisos para pôr à face do País um acontecimento grave passado no tempo do dezembrismo, demonstrando quanto a sua administração foi ruinosíssima para o País.

Vê-se que foi cobrada, durante o tempo do dezembrismo, dessas casas a quantia de 217.500$ pela polícia de Lisboa, mas o que se não sabe é para onde esta importância foi. Isso é que não se sabe.

E V. Exa., Sr. Presidente do Ministério, que tem 7.000$ para inquéritos e sindicâncias, muito bem andará em mandar proceder a um inquérito para se averiguar qual o destino daquele dinheiro.

V. Exa. terá ocasião de pôr à face do País um acto de moralidade, devendo os seus responsáveis, que são os indivíduos que estiveram na polícia por essa ocasião, serem chamados à responsabilidade.