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22 Diário da Câmara dos Deputados

rir-me a vários assuntos que reputo interessantes, para os quais pretendo chamar a atenção de S. Exa.

Várias vezes que tem sido dada a palavra, mas tenho desistido de usar dela, visto S. Exa. o Sr. Ministro das Colónias não vir a esta Câmara.

Desejo, pois, que V. Exa., Sr. Presidente, me informe sôbre se o Sr. Ministro das Colónias está em Lisboa é se tenciona ou não comparecer nesta casa do Parlamento.

O Sr. Carlos Olavo: - V. Exa. está fora do Regimento, fazendo essas preguntas à Presidência.

O Orador: - V. Exa. não é o Presidente e, portanto, não tem o direito de me chamar à ordem.

O Sr. Presidente: - V. Exa. reclama a presença do Sr. Ministro das Colónias na sessão de hoje?

O Orador: - Desejava que S. Exa. viesse amanha antes da ordem do dia.

V. Exa. fez saber ontem ao Sr. Ministro que eu desejava interpolá-lo?

O Sr. Presidente: - Sim, senhor.

O Orador: - Espero que S. Exa. venha amanhã, antes da ordem do dia.

O orador não reviu.

O Sr. José de Almeida: - Sr. Presidente: para nós, socialistas, a questão que vem sendo tratada é muito e muito simples e tam simples que a isto se resume: o Estado desembolsou há três anos 316 contos para uma compra de arroz e êsse arroz ainda não entrou em Portugal.

O Sr. Júlio Martins fez há pouco uma argumentação cerrada sôbre o facto que se discute, tendo apresentado argumentos e discutido documentos.

Não resta dúvida de que há aqui um delito, e eu não lhe quero pôr õ nome que me vem agora aos lábios. Quem o praticou? É preciso que as instâncias competentes averiguem quem foi o delinquente e que êle seja punido, para honra da República e prestígio de todos nós.

Foi brilhante, sem dúvida, a exposição do Sr. Júlio Martins, mas não é debaixo da sugestão da sua palavra fluente que eu falo tambêm. E a, Sr. Presidente, que vim para aqui pelo mando dos humildes, pelo mando do povo, tenho o direito e cumpre-me o dever de zelar em todos os casos e em todos os momentos a aplicação dos dinheiros públicos (Apoiados), e o facto que se deu, numa ocasião tam angustiosa para a nacionalidade portuguesa, quando a nossa população se via a braços com inúmeras dificuldades, requere uma investigação rigorosa e a correspondente punição.

Para nós, não nos importa que as pessoas envolvidas no caso sejam ou não categorizadas; para nós, embora tenhamos em muita conta a palavra, a pessoa e o valor do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, pouco importa a declaração de S. Exa. sôbre a honorabilidade do Sr. Dr. Augusto de Vasconcelos.

O que queremos que se conheça é se, efectivamente, o Sr. Dr. Augusto de Vasconcelos algum delito cometeu, porque, tendo-o cometido, tem de por êle ser punido. E caso para, parafraseando o dizer popular, se observa que são todos muito honrados, mas que o arroz ainda cá não está.

Lamento, Sr. Presidente, e muito sinceramente, a atitude do Sr. Brito Camacho nesta questão.

Tenho o máximo respeito por S. Exa., pelas suas qualidades pessoais e de homem público, pelo seu talento tantas e tantas vezes manifestado, mas S. Exa. nesta questão está em terreno falso.

Eu, Sr. Presidente, na Câmara Municipal de Lisboa não tive dúvida ainda há poucos dias, quando feita lima sindicância que atingia um indivíduo que há meses era meu correligionário, não tive dúvida em votar a sua demissão. Era assim que eu queria que todos os homens da nossa terra, que têm responsabilidades e ligações com a administração pública, procedessem em todos os momentos. E preciso que assim se proceda. E preciso que as nossas ligações partidárias se ponham de parte quando se levanta uma questão de moralidade.

Aqueles que não cumpriram o seu dever, devem ser punidos, devem ser condenados, e não há cousa alguma, não há argumento algum que possa invalidar a decisão que devemos tomar.