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Sessão de 11 de Dezembro de 1919 17

veio um telegrama assinado pelo Sr. Augusto de Vasconcelos, pelo qual se vê que só em 28 de Fevereiro se alcançava a permissão da exportação de 2:000 toneladas das 4:000 ou 8:000 a que o Sr. Dr. Brito Camacho se referiu.

Realmente parece que o Govêrno Espanhol permitiu a exportação de 2:000 toneladas, mas nos seguintes termos: a exportação devia ser feita pelo vice-cônsul de Portugal em Valença, ou então à ordem de qualquer delegado de confiança que a legação designasse.

Sr. Presidente, porque não veio o arroz?

Não sabemos.

Não sabemos, Sr. Presidente!

Há uma carta interessante de Casimiro Reis, já em 8 de Maio, ao Sr. Egas Moniz, que é muito curiosa.

Trata-se das já referidas 4:000 toneladas, das quais 1:500 vinham para Portugal e 2:500 iam para França.

O negócio era outro, porque Reis, vendo que ali o preço era diferente do alcançado em Portugal, talvez êle o pudesse fazer, mas faltavam os transportes, e, por conseqùência, ficávamos sem transportes, e esqueceu-me referir êste promenor, que era indispensável.

Nessa altura, o Govêrno Espanhol foi substituído por outro, que proibiu a exportação inteiramente, e isto deu em resultado o triunfo do Sr. Augusto de Vasconcelos, quando diz que alcançou a exportação.

Mas, Sr. Presidente, Casimiro Reis, em 8 de Maio, escreve uma carta ao Sr. Egas Moniz, e então os seus termos já são um pouco fora da norma, porque êle começa a interpretar o negócio doutro modo.

Diz que tem permitida a exportação de 4:000 toneladas, mas Casimiro Reis fala ainda da probabilidade de poder exportar mais algumas toneladas.

Diz que tencionava mandar para França 1:500 toneladas e para Portugal 500 toneladas somente.

Sr. Presidente: não eram os termos do seu contrato.

Parece que não havia autorização para em 8 de Março fazer a exportação das citadas toneladas, mas o espanhol fala doutro número de toneladas das referidas no telegrama já citado; fala das 4:000 toneladas.

Da arribada forçada nada vemos.

Mas esclarece mais, e o espanhol nesta altura não só vem pedir 21:367 pesetas da diferença do câmbio do dia em que fez o contrato e de entrada do dinheiro no Crédit Lyonnais, mas ainda mais.

Alêm disso, o espanhol ainda tinha mais despesas a realizar, mas viria a Lisboa depois, e tudo se passaria bem, entre homens honestos como nós somos.

Sr. Presidente: o negócio do arroz começa a impressionar, e diz-se que o Presidente da República, Sidónio Pais, quis saber do que se tratava.

Efectivamente, há uma exposição em que se faz ao Sr. Sidónio Pais a descrição do assunto, dizendo-se que talvez o negócio do arroz se possa resolver, considerando Casimiro Reis como agente do Govêrno de Portugal.

O Sr. Sidónio Pais não se conforma, e assim há um despacho transmitido em telegrama do Sr. Egas Moniz, em Abril.

O orador lê um telegrama do Sr. Sidónio Pais ao nosso Ministro em Espanha:

Sr. Presidente: naturalmente o Ministro de Portugal em Madrid tratou do assunto.

Em 11 de Abril envia nova carta ao Sr. Egas Moniz. Esta carta é curiosa, e a Câmara por ela ficará muito esclarecida.

Chamo a atenção da Câmara.

O Reis, neste momento, considera o seu primitivo contrato nulo, quando é êle próprio que sai fora dos termos em que estava permitida a exportação do arroz em Espanha, e compromete-se, por meio de ofício aos Ministros dos Abastecimentos e do Trabalho, a realizar a operação e informando-se em 11 de Abril.

O preço da mercadoria, que era de 45 pesetas para 100 quilogramas, é agora hoje muito mais elevado.

Em 11 de Abril, Reis tinha comprado apenas 1:000 toneladas.

O Sr. António Maria da Silva: - Mas tinha recebido dinheiro para 1:500 toneladas.

O Orador: - Pedia novo prazo, para ver se podia formular uma outra proposta.

Agora vejam V. Exas., porque é extraordinário que o Reis trabalha em Espanha, em França e em Portugal, em negócio que vem para Portugal!