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Sessão de 11 de Dezembro de 1919 15

vêrno Português não lhe ter mandado fundos a tempo. (Apoiados).

Por conseqùência, em 11 de Abril a comissão de abastecimentos manda uma comunicação para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, dizendo que o crédito foi aberto à ordem do nosso Ministro em Madrid, e que o arroz devia vir à consignação do presidente da Secção das Subsistências Públicas. Esta comunicação não a devia ignorar a nossa legação em Madrid, porque, segundo documentos oficiais, foi do seu conhecimento.

Êste telegrama, de 13 de Abril de 1917, marca, por assim dizer, uma étape de silêncio no Ministério dos Negócios Estrangeiros porque lá nada se sabia sôbre o negócio.

Em 2 de Junho o presidente da comissão das subsistências públicas manda um ofício ao Ministério dos Negócios Estrangeiros a preguntar pelo arroz, a preguntar se o Ministro de Portugal em Madrid comprou realmente o arroz, se o mandou para Portugal e a quem vinha consignado, visto que no ofício de 2 de Abril se diz que êsse arroz tinha vindo consignado ao presidente da comissão das subsistências públicas.

Realmente os créditos chegam a Madrid no dia 9 de Abril, mas dá-se uma circunstância, é que neste tempo a França veio a Espanha e fez um preço ao arroz muitíssimo superior àquele pelo qual o espanhol se tinha comprometido a trazê-lo para Portugal, e então começa a germinar na cabeça do espanhol um plano para a realização do seu negócio.

Diz êle que, pela sua influência no negócio em que tinham sossobrado altas individualidades espanholas, em que tinham sossobrado dois grandes embaixadores, pediu a Espanha que lhe dêsse um perimis de 4:000 toneladas, entregando a Portugal 1:500 toneladas e dando à França 2:500 toneladas, 4 E como realizava o negócio? Duma certa forma e eu direi como.

Como é que o espanhol quere realizar a exportação das 4:000 toneladas de arroz?

Arranjando um navio patrício da matrícula de Bilbau e fazendo uma arribada forçada a Lisboa onde entregará o arroz.

O que é certo é que esta combinação não se realizou porque, afirma o espanhol, o vapor foi metido no fundo por dois barcos da esquadra alemã, e nós ficámos sem o arroz que vinha a caminho de Lisboa e sem aquele que já cá estava.

Isto passava-se em Espanha sem conhecimento algum do Ministério dos Negócios Estrangeiros nem das estações oficiais, até que, repito, em 2 de Junho se pregunta se o arroz está comprado, se o Sr. Augusto de Vasconcelos o enviou à comissão das subsistências públicas.

Como respondeu o Sr. Augusto de Vasconcelos?

Que nem o Govêrno, nem a comissão das subsistências públicas lhe mandaram outra indicação a não ser que se enviasse o arroz.

Sr. Presidente: não compreendo êste telegrama da Sr. Augusto de Vasconcelos.

Existe uma carta de Reys ao Sr. Augusto de Vasconcelos, datada de 15 de Junho de 1917, em que pede o resto do dinheiro, e não sabemos qual é o resto do dinheiro, visto que o espanhol nessa altura fala em 15 contos. Essa carta, juntamente com outra documentação, foi entregue à consideração do Sr. Ministro do Trabalho de então, o Sr. Lima Basto, que, depois de ter examinado o processo e respectivas peças, expediu um ofício, datado de 3 de Julho de 1917, que passo a ler, e que deve merecer toda a atenção da Câmara.

Sr. Presidente, acho êste ofício extremamente interessante.

Então quatro meses depois de se ter realizado um contrato para aquisição de arroz, que faz grande falta no País, quatro meses depois não se sabe no Ministério dos Negócios Estrangeiros,- não se sabe no Ministério do Trabalho em que circunstâncias se encontra o negócio, não se sabe se o arroz está comprado, não se sabe qual a quantidade de arroz comprado; sabe-se apenas que há dinheiro entregue ao espanhol, que há 316 contos fora dos cofres do Estado e não se sabe se êsse dinheiro teve a aplicação devida!

Não se sabia nada, Sr. Presidente!

Como correm os negócios da nossa administração pública? Como correm os negócios da alimentação do povo? Como corre o património que é de nós todos?