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Sessão de 19 de Dezembro de 1919 17

Eduardo de Sousa e depois outro feito pelo Sr. António Fonseca.

Ora eu desejava saber porque é que V. Exa., Sr. Presidente, pôs à votação, em primeiro lugar, o segundo que foi apresentado. Em que disposição regimental se fundou V. Exa.

O Sr. Presidente: - Desde que as circunstâncias assim o permitiram, eu em minha consciência entendi que o devia fazer.

Trocam-se àpartes.

Sussurro.

O Sr. Pedro Pita (para interrogar a Mesa): - Sr. Presidente: aquilo que eu quero dizer pretendo dizê-lo com um pouco mais de silêncio da Câmara...

O Sr. Presidente (agitando a campainha): - Chamo a atenção da Câmara!

O Orador: - ...porque desejo que as minhas palavras fiquem registadas e por isso, contrariamente ao que costumo, falarei pausadamente para que aqueles que tem do registar as minhas palavras o possam fazer bem.

Sr. Presidente: levantou-se o incidente que ainda dura, porque V. Exa. submeteu à votação da Câmara o requerimento do Sr. António Fonseca antes do apresentar à consideração da Câmara o requerimento do Sr. Eduardo de Sousa que tinha sido apresentado primeiro.

O Sr. Domingos Cruz (interrompendo): - O Sr. António Fonseca não fez nenhum requerimento, mas apenas um pedido.

O Orador: - V. Exas. deixam-me concluir?

Se se entendesse que deviam ser votados todos os requerimentos que pedissem para ser incluídos na ordem de dia ou de noite vários assuntos, poderia dar-se o caso de, supondo que cada Deputado tivesse feito um requerimento, teremos de passar toda a sessão a votar requerimentos, quando, na verdade, havia uma maneira muito simples de se saber se a Câmara quereria votar todos êles ou apenas alguns, ou mesmo nenhuns, e para isso bastava V. Exa. preguntar, como muito bem fez, se a Câmara entendia que a ordem estava bem e não devia ser acrescentada.

Desde que V. Exa. consultou a Câmara, e ela disse que dentro da ordem da noite não deveria ser incluído qualquer outro parecer...

Uma voz (interrompendo): - Mas quando disse?

O Orador: - Desde que aprovou um requerimento para que assim se fizesse...

Sussurro.

O Orador: - Eu quero, Sr. Presidente, lavrar, como membro dêste Parlamento, o meu mais veemente protesto contra a forma como se procura desacreditar o próprio Parlamento. (Apoiados).

Grande sussurro.

Uma voz: - Isso é um insulto! Os senhores é que tem a culpa de tudo!

O Orador: - Não me referi a nenhum de V. Exas.

O Sr. António Granjo: - Estou certo de que V. Exa. não teve realmente o intuito de dirigir um insulto, estando apenas a discutir uma tese.

O Orador: - Sr. Presidente: tenho mantido sempre nesta Câmara a maior e melhor camaradagem com todos os meus colegas.

Como V. Exa. vê, estou falando o mais serenamente possível e sou, por feitio e por educação, absolutamente incapaz de insultar seja quem fôr e muito menos os que são meus camaradas, mas, Sr. Presidente, eu disse apenas - porque estou no meu direito de apreciar o criticar - que a maneira como estilo decorrendo os trabalhos desta Câmara não a acreditam, e, se assim é, a culpa pertence a alguêm. (Apoiados).

Na minha terra costuma-se dizer que se encaixa a carapuça, isto é, quem entende que a carapuça lhe serve põe-a na cabeça, e eu vi que quem protestava contra as minhas palavras, que no momento se não referiam a ninguêm, foram os membros daquele lado da Câmara.

Um àparte do Sr. António Granjo.