O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 23 de Fevereiro de 1920

19

rio, pois barateava a vida e não haveria necessidade de que nos orçamentos incidisse permanentemente o encargo que vamos buscar com uma legislação de carácter permanente ou definitivo.

Já citou o facto que não é conhecido de todos, mas sim de quem de direito, de haver muito ouro nos entrepostos da cidade de Lisboa.

Disse também que não entendia que se tivesse deixado aumentar os capitais das grandes companhias, sem que o Estado tivesse um quantum desses aumentos.

Disse isto de cara a cara e as íôrças vivas não se arrepiaram com isto.

.Hoje só tem direito a governar quem defeuda à outrance os interesses do Estado, e só pelo trabalho, como muito bem disse o seu amigo Sr. António Granjo, é que nos dignificamos, e evitaremos a luta de castas e classes que nos podem levar muito longe, sem que daí advenha nada de bom para a sociedade portuguesa.

Não procurou com as suas palavras conquistar as boas vontades dos ferroviários,- nem das forças vivas, e antes pelo contrário conquistará talvez as más vontades; mas entende que um homem público não pode estar na situação cómoda de agradar a toda a gente.

É de opinião que se devem comprimir as despesas do Estado, e não era com grande esforço que se podia alcançar uma economia de 2:000 contos.

Já teve o cuidado de dizer que era preciso nesta altura defender com denodo o que já hoje se pode considerar pertença do Estado : o carregamento dos barcos ex-alemães, que servirá, em parte, para nos ressarcir da dívida da Alemanha, fazendo ele, orador, ardentes votos por que essas mercadorias não desapareçam em pura perda, seguindo o caminho doutras que desapareceram, sem rasto deixarem da sua passagem.

Trata-se de dezenas de milhares de contos, e um minuto que se perca pode ser prejudicial para nós.

O Estado não pode ter o critério de aumentar as despesas, esbanjando os dinhei-ros públicos, mas sim criar aquele ambiente augusto que nos dê a sobeja garantia de que Portugal ainda tem salvação.

Púnhamos em execução medidas inteligentes, embora severas, que concorram

para a solução dos problemas económicos e financeiros.

Do lado da maioria da Câmara, ainda ninguém proferiu uma palavra de depreciação para os ferroviários.

E é de justiça que assim seja.

Os ferroviários pertencem a uma corporação que tem defendido a Kepública em muitos transes.

A forma como se têm comportado dá--nos a garantia de que jamais se deixarão arrastar para o bolchevismo.

Seja qual for a posição que esta Câmara lhes crie, os ferroviários, dedicados republicanos, não irmanarão com aquelas criaturas que só têm em mira insistir com o Estado para aumentar as despesas públicas, ambiciosos de que isto estoire!

Que o Sr. Deputado e seu ilustre amigo Augusto Dias da Silva lhe deixe dizer o seguinte:

S. Ex.a já o conhece e sabe bem que ele, orador, não teve palavras para iludir os pensamentos. Se ele, orador, fosse director dum periódico como S. Ex.a, preferia dizer claramente que era sindicalista, quási mesmo bolchevista, a andar em travesti socialista.

Estábelece-se diálogo entre o orador e o Sr. o Augusto Dias da Silva.

Pertencendo S. Ex.a à minoria socialista e sendo o socialismo um princípio político avançado dentro da República, não compreende como S. Ex.* defende ou deixa defender o sindicalismo, revestindo aquela forma absolutamente anárquica de bolchevismo. Não compreende como S. Ex..a vem apresentar projectos de criação de-riqueza para determinados organismos.

O Sr. Augusto Dias da Silva:— O único projecto que apresentei é o da nacionalização dos indústrias.

O Orador: — Quando ele, orador, esteve no Ministério do Trabalho defendeu princípios que representam bem o programa mínimo do partido socialista.

falam, simultaneamente, o orador, o Sr. Augusto Dias da Silva e o Sr. Ladis-lau Batalha.