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tiesião dê 28 dê fevereiro de 1920

A carestia da vida ó o problema que temos absoluta necessidade de atacar de frente.

Estamos neste momento debatendo o aumento do vencimento dos ferroviários, mas é preciso, não esquecermos os estômagos de todas as outras coropraçõos ou classes que não estão dependentes do Estado.

A carestia da vida tinha de dar-se pela força das circunstâncias, mas a verdade é que ela foi extraordinariamente agravada pela ganância criminosa de certos comerciantes, industriais e agricultores, que têm só em mira atender aos seus interesses, explorando o País, tripudiando sobre a miséria do povo.

Urge tomar medidas severas, se não queremos que o povo seja esmagado por essa avalanche de aventureiros, por essa gente que nunca foi patriota.

O actual Governo ou qualquer outro que ocupe o Poder, tem de resolver o mais grave e momentoso 'problema, que ó o da carestia da vida, que sobreleva a todos ; e o m quanto ôlo não esti/er resolvido, não sairemos deste círculo vicioso.

Falou-se em que os operários portugueses, agarrados ao estatuto das oito horas de trabalho, estava contribuindo tambOm para a carestia da vida, porque o trabalho não era em quantidade precisa para que o País se pudesse manter.

EU devo dizer a V. Ex.a que sou um velho partidário das oito horas de trabalho. Se as oito horas de trabalho fossem bem aplicadas, elas chegariam para a produção de que o País precisa.

Estou convencido do que se na Alemanha, como consta de telegramas publicados em jornaÍH, se alterou o horário *le trabalho para doze e catorze horas, se a Itússia também já reconheceu a necessidade de trabalhar mais horas, creio que doze, estou absolutamente convencido de que o operariado português se nus recusará a trabalhar mais horas, para o País restaurar a sua vida. Ao mesmo tempo, ostou convencido do que os operários não estão dispostos a trabalhar mais horas, quando o seu trabalho só aproveitar simplesmente a, quom quore guardar nos seus cofres o produto do sou esforço.

E preciso quo os operários tenham comparticipação nos lucros.

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Precisamos ter a energia necessária para ditar a lei que se impõe neste momento — a lei da igualdade.

Tenhamos nós a coragem dos nossos actos e saibamos ir ato onde devemos ir para nos salvarmos da triste situação em que nos encontramos.

Sr. Presidente: disse-se nesta casa do Parlamento o lá fora em conferências e na imprensa, que o País se encontra às portas da bancarrota.

Devo dizer que não estou de acordo com essa afirmação.

Não pode estar às portas duma bancarrota um país que está cheio de dinheiro. Torna-so necessário que a essa gente que está cheia de milhares de contos, só obrigue a entrar nos cofres do Estado com parte do que ganharam ilegalmente. Chega a ser um crime que, desde 1914 até hoje, se não tenha lançado impostos sobre essa gente para ocorrer às necessidades do País.

Os homens públicos qne tom passado pelas cadeiras do Poder, não tem querido íazô-lo, para não cair sobre si o odioso; mas urge que isso se faça.

Sr. Presidente: com esta afirmação vou terminar as minhas considerações: há um problema para que o Governo tem de olhar, há um problema gravíssimo de que o Parlamento tem de cuidar, é que nós vivemos à mercê do estrangeiro que queira mandar pára Portugal o seu trigo e os seus produtos agrícolas, quando estamos num país em que há dezenas, centenas de lavradores que têm terras que propositadamente, r não cultivam paru criar dificuldades. E necessário que estabeleçamos Gste critério: quem tem terrenos tem de os cultivar o se os nãoquore cultivar, tem que os abandonar.

Nuo precisamos ir muito longo para re-conhocer a veracidade desta afirmação; às portas da cidade do Lisboa encontram--se quilómetros de terreno que não está cultivado há muitos anos.

Estou convencido de que se em Portugal se pagasse o trabalho condignamente o trabalhador nfio emigrava.

Os milhares e milhares de emigrantes que partem a caminho do Brasil nuo vão ali para só recrear; vão porque não encontram aqui onde aplicar o seu osíôrço.