O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 23 de Fevereiro de 1920

13

Alguns parlamentares desta Câmara pretendem combater a proposta do Sr. Ministro do Comércio e Comunicações.

£ E preciso atender ao funcionalismo público ?

Sim, senhor; é preciso atender ao funcionalismo público e também a todos os funcionários mal pagos.

E perante a situação grave em que vivemos ó preciso ericará-]a de frente, e que o Governo tenha coragem para ir buscar recursos aonde os há.

Não pretendo, como tenho aqui demonstrado, e continuarei demonstrando, obter a simpatia da classe trabalhadora com a atitude aqui mantida j cumpro só o meu dever.

Há, muitos anos labuto pela vida e levanto sim a minha voz a favor dos que trabalhara. Entendo que assim pratico um acto bom.

Não pretendo os aplausos das galerias nem votos. Estou aqui por obra do acaso. Nunca tive pretensão a ser Deputado, nem a ser mais do que simples operário.

Desde há muito me encontro aqui afirmando, sempre que aparece uma proposta -desta ordem, no limite das minhas forças e dos meus fracos recursos, a defeza da . satisfação que deve ser dada àqueles que reclamam justiça.

Há homens que actualmente ganham "1$80. Isto nem sequere. chega para tabaco, visto que hoje a venda dum maço de tabaco custa $60!

Esqueçam-se de fumar, dirão. Não ó indispensável, é certo, mas ó difícil deixar de fumar para quem a isso está habituado. A vida está duma forma que se torna insuportável.

'Uma voz: — O vinho está tambôm caro.

O Orador: — O vinho também ó preciso, é ato indispensável para o organismo em certos casos.

Isto são pequenas cousas.

Mas o ponto especial ô ôste: um chefe de família que trabalha, como os ferroviários, é impossível arcar com as res-ponsabilidades da vida com 90$. E inteiramente impossível. (Apoiados).

Portanto, procedeu muitíssimo bem o Sr. Ministro trazendo ao Parlamento esta proposta, e estou inteiramente convencido de que, a despeito de vários indiví-

duos se terem manifestado adversários da proposta, ainda não vi abertamente expor uma opinião que fosse justa. (Apoiados). (Não apoiados).

Todos conhecem a boa vontade do Grupo Popular desta Câmara, mas não pode ser aceitável o seu alvitre para que a proposta baixe à comissão.

Eu e atendo que devia ser aprovado imediatamente ou com pequena discussão.

Baixar à comissão o mesmo seria que inutilizar a proposta, e a classe ferroviária, não podendo por mais tempo suportar a situação em que LG encontra, terá de ir para a greve com prejuízo de nós todos e da República Portuguesa.

Uma voz:—Não apoiado. ^Então é assim que se reclama?

O discurso será publicado na íntegra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigr áticas que lhe foram enviadas.

O Sr. Sá Pereira: — Quando nesta casa do Parlamento começou a discussão desta proposta de lei, o ilustre parlamentar Sr. Júlio Martins disse que a Câmara não podia estar à mercê de coacção fosse de quem fosse para ter que votar as propostas de determinada classe. (Apoiados).

Devo dizer que estou, absolutamente, convencido de que nem a classe ferroviária, 'nem outra qualquer pretende coagir a Câmara a votar a proposta nem a Câmara aceitaria unia situação dessa natureza.

A Câmara está aqui livremente, e se ela estivesse coagida nunca poderia realizar os actos e leis que todos os dias está promulgando.

Sr. Presidente: devo dizer a V. Ex.a que estas minhas considerações servem para justificar o voto que dou à proposta apresentada pelo Sr. Ministro do Comércio.