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Diário d» Càmata dos Deputados

ram, há longos semanas, há meses sem conto que as transportem aos seus destinos, eu, Sr. Presidente, se o referido aumento se destinosse à compra de novo material circulante, tendente à regularização daqueles serviços, votaria a proposta de olhos fechados., sem sequer a discutir, 'certo de que assim prestaria um bom serviço ao meu país.

Mas tal não se dá.

O aumento é, pelo contrário, destinado única e exclusivamente a melhorar os vencimentos dos ferroviários do Estado.

Eu não quero agora descer a analisar a j ustiça e a razão que assistem às reclamações que esta proposta traduz, porque eu quero até partir da hipótese, que para ' mim é uma certeza, de que a classe dos ferroviários do Estado, classe prestimosa, patriótica e republicana, como sempre se tem evidenciado, não veria pedir0 ao depauperado Tesouro português um sacrifício que ele já não pudesse comportar. Entretanto, desde logo, se apresentou à minha consciência de republicano, uma pregunta que, a meu ver, bem carece pronta e imediata resposta.

Essa pregunta é a seguinte:

;;E lógico, ó natural, é equitativo, é justo, é moral, que esta Câmara esteja já a discutir esta proposta e que a vá aprovar de seguida, preterindo e deixando para trás a apreciação de muitas outras reclamações formuladas por diversas classes que deveras se encontram em piores circunstâncias do que aquelas em que estão os ferroviários do Estado, que já têm sido atendidos em outras reclamações que fizeram ?

Sr. Presidente: de.entre algumas desses classes funcionários há que ainda hoje ganham a inconcebível quantia de 20$ por mês. (Apoiados).

120$ por mês I

O bastante para se morrer decentemente de fome, com velocidade igual àquela com que os automóveis do Parque Automóvel Militar matam, em Lisboa, os audaciosos habitantes que se atrevem a cruzar as ruas da capital.

Sr. Presidente: eu sou, corajosamente o afirmo, partidário decidido, entusiasta e ardente do aumento de' vencimento a -todos aqueles proletários ou funcionários públicos que não auferem ainda hoje o preciso para fazer decentemente face ao actual custo da vida. (Apoiados).

Entendo que ó nocossário que essas criaturas recebam vencimentos com que possam viver.

Prefiro isso, Sr. Presidente, quanto ao funcionalismo, pelo 'menos a que ele prejudique o Estado, ou mercadejando com o exercício dos seus cargos, ou deixando--se envolver em negócios despresíveis e desprestigiantes.

E de crer até que muitos, levados pela falta de recursos, se tenham lançado em caminhos que honestamente repudiariam, se acaso auferissem pelo seu trabalho o indispensável para se sustentarem a si e às suas famílias.

E senão ó ver, Sr. Presidente:

Uma grande parte, a maioria talvez dos empregados das casas de jogo, agora violentamente atacadas, é constituída de indivíduos recrutados no funcionalismo público, que para lá foram atirados pela necessidade, pela anciã legítima de obterem o preciso para o custeio da sua vida.

Mas, Sr. Presidente, se eu sou de facto acérrimo 'defensor do justo augmento de vencimentos, não o sou no. emtanto menos, nem com meãos ardor, nem com me-•nos entusiasmo, da obrigação que hoje impende sobre o Estado de ir procurar, aonde quer que eles se encontrem, os recursos em dinheiro necessários para regularizar o notado desequilíbrio das ftossas finanças, desequilíbrio cada vez mais agravado por constantes reclamações e pelos aumentos de vencimento concedidos. (Apoiados).