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Sessão de 24 de Fevereiro de 1S20

as iras avaras do bezerro de ouro das nossas grandes fortunas. (Apoiados).

Quanto a mim, Sr. Presidente, eu não sei o que a República deve aos homens ricos da nossa terra que possa justificar a atitude que apresentei.

0 que eu sei e bem, é que entre eles se contam os nossos maiores inimigos, os nossos mais irredutíveis-adversários.

Tem sido com o ouro das suas burras, que sempre se tem forjado e comprado as armas que por vezes nos tem ferido à traição. (Apoiados).

Sr. Presidente: nós não lhes merecemos senão atitudes hostis, manifestações de ódio, de desprezo e de desdém.

1 Entretanto ainda há dentre nós, quem teime em se curvar na sua frente!

Este conselheirismo republicano, Sr. Presidente, incrível e nunca visto, já não é só criminoso, é também inconcebível-mente ridículo, cretinamente idiota e está dia a dia, cada vez mais, pela sua falta de acção, comprometendo gravemente o futuro do País!

Vamos! ,; Porque se espera ainda?

£; Acaso querem que seja dado a algum cataclismo tremendo e de resultados impossíveis de prever, arrancar pela íôrça e no todo o que ainda hoje podemos em parte legal e legitimamente exigir?!

A guerra, Sr. Presidente, abalou profundamente e modificou muito as condições de vida de quási todas as classes.

Emquanto com a guerra muitos se sacrificavam outros, os felizes, apenas colhiam benesses.

Os sacrificados foram os oficiais e os soldados, que deram as suas comodidades, o seu sangue, e até as suas próprias vidas, pela honra e pelas tradições gloriosas da sua terra!

Os sacrificados, Sr. Presidente, foram e continuam a ser os humildes e as classes médias, que tiveram de travar e continuam travando uma luta terrível o constante, contra a carestia cada vez mais incomportável da vida! (Muitos apoiados}.

E einquanto, Sr. Presidente, tantos se sacrificavam, os ricos ternaram-se milionários e outros igualmente venturosos, possuídos duma ganância sem escrúpulos, juntavam moeda a moeda, nota a nota, à custa da miséria daqueles, haveres incalculáveis, fortunas fabulosas, que ainda

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hoje, criminosa e estupidamente, anceiam por duplicar (Apoiados).

E a esses até hoje nada se lhes exigiu.

Nem sacrifício de vidas, nem sacrifício de comodidades, nem sacrifícios de impostos especiais.

Quási que nem sequer, Sr. Presidente, o sacrifício do agravamento natural das antigas contribuições.

Vendem os seus produtos e fazem as suas transacções com moeda que para o caso, consideram fraca e quási sem valor,, mas no que pagam ao Estado, no pouco que ao-Estado pagam, dão à mesina moeda foros de moeda forte e valorizada.

Pregunto:

É preciso que os velhos-ricos e que aqueles que ultimamente enriqueceram paguem o que devem pagar, è que recebam o que devem receber, (Apoiados), conscienciosamente, é claro, porque eu se de facto censuro e condeno o desaforo de se venderem as subsistêacias por um preço incompatível com muitos vencimentos, não censurarei, nem condenarei menos as desmedidas exigências dos que têm razão para pedir. (Apoiados).

Ê necessário que o Governo castigue, impeça os desmauçlos dos grandes, (Apoiados), não lhes permitindo mais exigências inaceitáveis para com o povo. (Apoiados).

De resto, Sr. Presidente, todos estes pedidos, todas estas exigências e reclamações não são mais do que resultantes lógicas, do que consequências naturais duma questão que a todas as outras sobreleva e que é a questão do encarecimento despropositado da vida.

Já ontem aqui o disse, e muito bem, e Sr. António Maria da Silva, figura prestigiosa do partido a que me honro de pertencer: a causa das greves e pedidos para aumento de salários o vencimento-s reside na carestia insuportável da vida, e esse ó o problema que se deve encarar de fronte (Muitos apoiados).