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Diário da Câmara dos Deputados

que atravessamos, as palavras inconsideradas que S. Ex.a produziu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Jnterior (Domingos Pereira): — As minhas considerações foram provocadas exclusivamente pelas palavras do Sr. Ma-Iheiro lleinião.

O Orador : —

É política de chicana vir preguntar ao Governo o que pensa na hora grave que atravessamos, quando os funcionários públicos se reúnem fazendo o descrédito do Governo e dizendo ao Governo que não tomam em consideração a sua nota oficiosa, dizendo que os políticos não têm autoridade moral nenhuma, e apelando para a Confederação Geral do Trabalho do meu País ?

É política de chicana, Sr. Presidente do Ministério, quarer o Paiiamenío saber quais eraiu as» ua.uuiu.cis deste Governo, em presença de nina greve que altera a ordem pública, B que pode não só subverter a República mas a própria nacionalidade y

Estranha declaração a do Sr. Presidente do Ministério, que nos vem afirmar que ainda é preciso reunir o Conselho de Mi-niotros a fim. de ouvir o Sr. Ministro do Comércio, para depois pensar se deverá ser. ou não solidário 'com os pontos de vista de S. Ex.?

Sr. Presidente: a serem verdadeiras as informações dos jornais, o Sr. Ministro do'Comércio já está em desacordo com o que prometeu ao comité ferroviário. E'o jornal A Batalha que interpreta as reivindicações do proletariado portuguôs, que faz essa declaração. Esse mesmo jornal diz que o Sr. Ministro do Comércio tinha prometido que as estações não seriam ocupadas pela força pública, e que elas ficariam entregues à guarda dos fer-ravíários em greve.

Trocam-se vários apartes.

O Sr. Presidente (Agitando a campainha) : — Peço a atenção da Câmara.

O Orador : — £ Então é política de chicana, o Parlamento querer saber, nesta altura, o que pensa o Governo sobre a situação cio País ? (Apoiados).

,;Então é política de chicana, preguntar--se ao Governo e ao Parlamento se se podo continuar na discussão da proposta do Sr. Ministro do- Comércio, em presença da efectivação dq ameaça duma greve?

Sr. Presidente, o Governo foi imprevidente, na situação que criou ao País, _e, sendo assim, de estranhar são as afirmações do' Sr. Presidente do Ministério. Nesta altura o que o Governo deveria fazer era vir ao Parlamento dizer quais as medidas que adop-ta em presença da greve que acaba de se declarar, e qual a situação em que o conflito se mantêm, e bem assim afirmar se entende que deve ou-não prosseguir a discussão da proposta qne d4, melhoria de situação aos ferros viário s do Estado. (Apoiados).

Sr. Presidente daqui havemos de sair todos, dizendo absolutamente tudo o que pensamos sobre o assunto, e eu interrogo o Sr. Presidente do Ministério, em nome dos meus direitos como parlamentar, em nome dos direitos que assistem ao grupo que eu aqui represento, em nome da tranquilidade pública, para saber do Governo qual é a sua opinião sobre a referida

•n-r A n n o t a.

O Sr. Presidente do Governo disse-nos quo a hora c grave. E efectivamente,' Sr. Presidente, a hora que passa è bem grave,' e é daquelas em que os homens públicos têm de encarar os assuntos da administração do País, com toda a coragem o assumindo claramente todas as suas responsabilidades. (Apoiados}.

Se governar é transigir constantemente, então pensam bem os funcionários públicos, fazendo o descrédito do Parlamento e dos políticos, e entregando à Confederação Geral do Trabalho, desde já, os destinos da sociedade portuguesa.

Sr. Presidente: queremos saber o que faz o Sr.• Ministro do Comércio. Queremos saber em que pé se encontra a questão. Queremos saber que medidas tomou ou vai tomar o Governo, para impedir que esta perturbação continue. Estamos no uso do nosso direifo de querermos saber tudo isto.