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Sessão de 3 de Março de 1920

digo-o com sinceridade — dum bocado da minha inteligência e do meu talento, que aos outros falta, para que, quando eu falasse, secundarem as minhas palavras e levantarem na alma de todos que lá se encontravam fora a fé republicana; e sabendo bem que no fundo de todos havia muita dessa fé, bastando exaltá-la para que ela se patenteasse.

Então nesse dia — 8 de Janeiro— falei, e o Sr. Tamagnini Barbosa—lá me escapou o nome—respondeu-me que não queria fazer acusações a alguém.

Como a insinuação me era directamente dirigida, preguntei, diante de todos, ao Sr. Tamagnini Barbosa o que tinha a dizer a meu respeito e a resposta deste homem foi a seguinte:

«Que as acusações que tivesse de fazer falas-ia perante os tribunais».

Referia-se o Sr. Tamagnini Barbosa ao mesmo a que se referiu o Sr. Aresta Branco e ao que se lê agora num jornal republicano, ameaçando-me por ter recebido 355$.

Tendo-me o Sr. Tamagnini Barbosa maguado, respondi como respondo sempre.

Respondi implacávelmente e o homem calou-se.

Então quis interrogá-lo, mas não me deixaram. Pedi a palavra, para antes de se encerrar a sessão, mas a sessão encerrou-se tumultuáriamente e no dia seguinte fui para Santarém.

Tendo combinado o movimento para 9, nesse dia não podia 'deixar de partir, pois estava comprometido.-

Porém, ao partir para Santarém, levei comigo uma grande mágua, a de não poder liquidar no Parlamento uma questão que me dizia respeito, como naquela cidade referi ao Sr. Álvaro de Castro.

O Sr. Álvaro de Castro:—É inteiramente exacto.-

O Orador: — Fui para Santarém por que, estando a República em perigo, entendi que a República estava acima dê todas as contrariedades, acima das questões pessoais.

Uma onda do lama foi atirada sobre mim quando estava preso pelo facto de me ter batido pela República, arriscando tudo, o bom estar da família c dos fiihos.

Não fiz caso do que dizia o director do jornal, cujo nomo não quero pronunciar, porque se portou como uni eacroc Q um ladrão em África. Não me defendo, nem me defendi nunca de acusações formuladas por pessoas desta categoria.

Quando chegou a hora da consolidação da República, cimentada energicamente com os esforços do muitos que possuíam uma alma republicana, quando chegou essa hora memorável, mandei pedir satisfação ao Sr. Brito Guimarães, Ministro das Subsistências. •

Um dia alguém foi interpelado pelo Sr. Brito Guimarães nestes termos: «se queria ir fazer a sindicância por mini pedida» .

Declarou que era um amigo e que se não prestava a tal.

O Sr. Brito Guimarães saiu do poder, tendo-declarado que não mandara fazer a sindicância por não descobrir motivos para ela.

Mais tarde veio nova edição dos 355$, que o Sr. Aresta Branco foi espiolhar nos papéis da Contabilidade.

Em resposta à insinuação feita no jornal por outro miserável, apresentei um requerimento ao Sr. Ernesto Navarro, por intermédio do meu amigo Manuel José da Silva, para quo mo fosse levantada uma sindicância e convidado o director da gazeta a fazer essa sindicância. Declarou o Sr. Ernesto Navarro que não sabia o motivo por que me havia de mandar fazer-me a sindicância, ao que eu respondi que se mandasse preguntar à Direcção Geral dos Caminhos de Ferro e ao Conselho de Administração se havia esse motivo, para o que se podia espiolhar nos papéis a ver se se descobriam os tais 355$.

Não sei o quo fez o Sr. Ernesto Navarro, po'rquc nunca mais tornei a falar com S. Ex.a sobre tal assunto.

Mas vamos à história dos 355$; vamos a ver se consigo pegar neles e mcté-los honestamente dentro da minha algibeira.