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Diário da Câmara dos Deputados

Direi a S. Ex.a que o director geral dos caminhos de ferro do continente nunca se deixou subornar, nem nunca recebeu dinheiro clandestinamente.

Houve uni miserável, que vestia a farda de oficial do exército e tinha sido meu camarada, que um dja me pediu o deferimento dum caso escuro, e eu, apesar da amizade que lhe tinha, mandei-o'sair da sala para não o mandar prender com es-palhafato.

Procurei então o Sr. Machado Santos e, contando-lhe o caso, pedi-lhe para se não deixar embair pelos rogos daquele charlatão.

Desafio quem quer que seja a que me diga, cara a cara, se pratiquei alguma vez um acto deshonesto.

Quando desempenhei o lugar de director dos caminhos de ferro do continente, entrava às 14 horas e saia às 19 horas, entrando depois às 21 e saindo às 3 da madrugada.

Desafio a que me provem que eu me fizesse pagar de mais ,de duas ou três horas de serviço extraordinário.

; E declaro-o lialmente: foi por cobardia que não recebi Ho Testado tudo aquilo a que tinha direito!

Sr. Presidente: os 355$ tivoram. esta origem.

Eu fui em 17 de Março, Sr. Presidente, nomeado director dos Transportes Terrestres, pelo tal decreto cuja autoria, através da envenenada intenção dos homens correctos, já me era atribuído como director dos Transportes Terrestres.

Os trabalhos que me são atribuídos, bem ou mal, representam a modificação completa de toda a legislação dos caminhos de ferro, trabalhos que pertenciam à Direcção dos Caminhos de Ferro, e se bem que custassem 2 contos ao Estado, importaram em média 150.000$ a 170.000$ por mês.

Eu, Sr. Presidente, não me arrependo senão de não me ter feito pagar integralmente pelas horas extraordinárias.

Não me pagaram, juro, j por minha honra o juro!

No mês de Julho tive um mês de licença forçada, tendo ficado a ocupar o lugar o Sr. Pereira dos Santos, que ninguém pode contestar que não seja um homem honesto, ao qual pedi para provar, segundo as acusações que me eram feitas,

a verdade dos factos, e assim se averiguou que pelos trabalhos extraordinários que me foram pagos, segundo a lei, eu não recebi mais do que eu tinha abonado a inim próprio.

Não tenho, pois, medo, Sr. Presidente, em provar que os 355$, a que o Sr. Aresta Branco se referiu, foram ganhos com muito trabalho, trabalhando dia e noite como uni cão, e que não representam a paga dos meus serviços.

Do que estou arrependido, Sr. Presidente, e isto digo-o francamente, é de ter roubado meus filhos, não me fazendo pá- -gar como era devido.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra quando o orador restituir, revistas, as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Os «apartes» não foram revistos pelos oradores qiie os fizeram.

O Sr. Aresta Branco:—Sr. Presidente: não quero seguir o caminho do Sr. On-uha Liai, trazendo para a tela da discussão certos factos, e encaminhando-a por um terreno que me parece absolutamente fora

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Sr. Presidente: se o Sr. Cunha Liai está convencido de que o seu trabalho aturado foi mal pago, mal fez não recebendo aquilo que o seu trabalho merecia.

Os reparos que eu fiz, Sr. Presidente, foi tam somente para pôr em confronto o que se fazia e actualmente se faz, haven-da actualmente um trabalho enorme, visto que se entra muitas vezes às 7 horas e se sai pela meia noite; isto em semanas seguidas.

O que quis, Sr. Presidente, foi confrontar o que então se fazia com o que hoje'se está fazendo.

Não foi para censurar o Sr. Cunha Liai, foi para confrontar o que então se fazia com o que hoje se faz.

Sabe a Câmara que eu não costumo fazer insinuações.

Eu absolutamente ignorava as asserções feitas pelos jornais, e nessas condições não vinha aqui reeditá-las.

Eu não sirvo de instrumento de vingança de ninguém.