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Sessão de 4 de Março de Í930

seu voto o o do Governo as legítimas reclamações das classes trabalhadoras, se mostre hoje tara contemporizador com aqueles a quem ontem tentou destruir.

Ah! Sr. Presidente l Ainda me lembro dessa hora trágica o cruel para a causa dos que trabalham! Como esses tempos são passados e que atitudes dúbias se voem e observam em alguns políticos da nossa torra!

j Como me lembra ainda a atitude de S. Ex.a! ; Como me lembra ainda que foi S. Ex.a que atacou o meu projecto de nacionalização da indústria têxtil! Foi S. Ex.;i que contribuiu com o seu espírito conservador para o agravamento do nosso mal estar económico. Foi S. ,Ex.;i que impediu que eu e o Governo de que S. Ex.a fazia parte cortássemos rentes as unhas aduncas do capitalismo nacional, limitando-lhe os lucros.

E o nosso mal actual ó a consequôncia dum? passado político mesquinho e pessoal, passado de política de corrilhos, tremendo passado que ainda hoje é mantido e seguido por quasi todos os políticos parlamentares !

E vem V. Ex.a agora dizer que a situação é má, que o GovGrno não traz ao Parlamento medidas que possam sossegar o país, quando o mal é geral, e quando o mal actual é consequência da política que S. Ex.as preconizam, política desgraçada, política do frases, sem concerto nem senso.

Ah! Sr. Júlio Martins! Eu julguei — e lá vai um pouco de generosidade—que V. Ex.a, em seguida fi discussão do projecto ferroviário, impedisse o Parlamento de consentir nesta casa a discussão doutra proposta que não fosse a do aumento dos funcionários administrativos, que morrem por esse país à forno e à míngua. ..

Mas, triste ilusão! S. Ex.a continuou a fazer politiquice... o fazendo o namoro ao exército, vá de afirmar e discutir o projecto dos oficiais milicianos. Já não existia a situação desgraçada dôsses funcionários, porque se tornava necessário fazer o namoro a quem se lhes prestasse a fazer uma revolução.

Ah! Srs. populares! Triste situação V. Ex.as estão preparando ao puís!

Eu que, neste Parlamento, tenho afirmado não ter medo da Revolução Social, eu que continuo a afirmar aqui que a não

temo, digo a V. Ex.a que receio Q quo ai se prepara à sombra desses namoros, receio essa enorme convulsão sem ideal nem finalidade, que outra coisa não pode trazer a esta terra, que o caos social, tremendo para tudo e para todos.

i E, para o caos, não! O caos é a fome, é a miséria, o horror!

Basta de mistificação! j Basta de se afirmar que é conveniente salvar a República, quando os senhores são os primeiros a afundá-la!

l E a Revolução Social feita por V. Ex.a que é inimigo das nacionalizações e das aspirações socialistas, não!...

Eu sou mais franco, e como não me presto a manobras políticas direi mais uma vez a V. Ex.a, que a situação económica que se atravessa é tremenda para todos, mas porque quero ser franco, sem namoros escusados, mas com a sinceridade que me é peculiar direi também sem recoiar a censura dos mal intencionados que a vida está insuportável, não só para os operários e funcionários, como para os próprios oficiais o praças de terra e mar.

j Mas para que isto se diga, é escusado fazer namoro !

E agora, referindo-me à situação do dr. Ramada Curto no poder, direi a V. Ex.a e à Câmara qu-e esse meu ilustre amigo se encontra ali para fazer executar princípios absolutamente socialistas e nunca para fazer o jogo de qualquer grupo político desta Câmara.

E agora ouça V. Ex.a, Sr. Júlio Martins, ouça, para que amanhã me não acuse de faltar à verdade quando tenha de acusar a atitude de V. Ex.a com relação no nosso partido.