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Sessão de 9 de Março de 1920

O Orador: — Sr. Presidente: temos de reconhecer, como eu o reconheço, orgulhosamente e sinceramente, que temos de tomar a responsabilidade das afirmações; que quando o funcionário A, justamente indignado por aquilo que ganha, dizendo que não lhe chega para as subsistências, o segundo oficiai ganhando 3$ por dia, dizendo que tem representação, que tem de ir para a repartição correcto e bem vestido, ganhando 3$ um reles carpinteiro e um pedreiro 5$. Esta ó quo é a questão.

Sr. Presidente: é necessário atender às reclamações dos funcionários públicos, é absolutamente necessário atendê-los, como o Governo a que pertenci estava na disposição de o fazer; mas, é necessário que não passe em julgado o seu direito à gre-ve. E necessário que neste acto único em todos os países do mundo, não seja Portugal tam atrasado em tantas cousas que tenha o triste direito de ir na vanguarda com a paralisação por completo dos serviços públicos. É a revolução social por via burocrática.

Sr. Presidente do-Ministério: V. Ex.a tem como finalidade do seu Governo a manutenção da ordem. Não esqueça V. Ex.a de que os homens públicos que não tenham neste momento a noção de que o mundo se transforma e de que a humanidade evoluciona rapidamente, esses homens não têm o direito de se assentar nesses lugares.

V. Ex.a disse que lançaria mão, para resolve^ o problema das subsistôncias, de todos os meios, e acentuou que decididamente o faria, p;--ra evitar o lucro especulador do comerciante que não se contenta e ganhar menos de 50 por cento; e para ev't:u* a especulação absurda do industrial, que não se contentou em ganhar menos de 50 a 100 por cento. Ponha V. Ex.a o comércio e a indústria sob a fiscalização do Estado português, garanta o lucro e o juro compensador do esforço industrial e da função comerciante, mas faça, ainda pela força das circunstâncias, o mesmo que Jourdain fez, sem dar por isso. Faça socialismo.

Mas, não pense que é com metralhadoras nas ruas que a ordem se mantôm; não penso nisso.

Eu tenho muita pena em o ver cair "se seguir esse critério e com V. Ex.a poder-

• se-iam subverter os interesses e os destinos da raça e com eles, até, a possibilidade de criar para Portugal aquela atmosfera melhor, de pacificação, que nós socialistas ambicionamos.

Sim, porque quando o extremismo iluminar os loucos, quando o autoritarismo violento determinar os militares, colocando- uns e outros, frente a frente, sem correcção, sem prudência, sem critério, nessa altura não vencerão nem os militares nem os loucos, porque vem a polícia.

Sr. Presidente: resolva o Governo o problema das subsistôncias, por uma acção decisiva e enérgica, da parte dos dois extremos deste Ministério'.

S. Ex.a. o Sr- Presidente do Ministério, para a ordem, ordem esclarecida, ordem prudente, ordem paisana.

i Sr. coronel António Maria Baptista, para essa ordem, sim!

O outro extremo é a pasta da Agricultura e das Subsistências, entregue ao Sr. João Luís Ricardo. Quando S. Ex.a fizer nesse lugar socialismo, estará dispensado de fazer tirania; se não fizer socialismo, não faça tirania, saia porque é melhor sair do que cair e cair mal.

,Sr. Presidente: o Partido Socialista não vota a este Governo nenhuma autorização parlamentar nova. O Partido Socialista, reserva-se para apreciar o pedido de adiamento das Câmaras, que o Governo anuncia, e nessa altura fará sO-bre esse pedido as suas considerações. Neste momento apenas faz um apoio a V. Ex.as todos, membros do Governo: que vejam as realidades corajosamente, pois só poderão atingir a finalidade a que se propõem se tiverem a coragem de fazer a revolução do Poder contra a burguesia, contra os assambarcadores, contra os novos ricos, contra, emfirn, os exploradores da miséria de todos.