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Diário da Câmara dos Deputados

de vista, mas isto não quere dizer que eu não mude de opinião.

Poderei niudar, sim, mas só quando os factos e a evidência me demonstrarem que estou em erro.

Simplesmente pelo que me afirmam, não, Sr. Presidente, e neste princípio e nesta atitude ou tenho a solidariedade inteira e completa do Grupo Parlamentar Popular. (Apoiados).

Estava então hipoteticamente ainda organizado o gabinete da presidência do meu amigo Sr. António Maria da Silva.

Entendemos reunir-nos antes de efectuarmos o nosso termo de posse, e fizemos bem, porque constituído o Gpvêrno por correntes parlamentares diversas, apresentando o Governo ideas diferentes, necessário era que previamente nos entendêssemos, numa plataforma comum, para não darmos a impressão dum Ministério de retalhos, pensando duma maneira diferente uns dos outros.

Essa reunião eíectuou-se na Administração Geral dos Correios.

.Da parte do meu grupo assistiram," eu, o indigitado Ministro da Guerra, o meu camarada e querido iiiuigo ' Sr. Cunha Liai, indigitado Ministro do Comércio, o e o Sr. Vasco de Vasconcelos, indigitado Ministro do Trabalho. .

Quoriamos ver se na situação grave em que nos encontramos, conseguíamos arranjar uma unidade de acção. o

Nesse momento — caso oxtranho!—surgiu-nos aquilo que eu classifiquei então c que classifico ainda.hoje como um ultima-tum aos hdmens que estavam reunidos para trocar impressões e ir a Bolem assinar o seu compromisso fie honra.

O indigitado Ministro do Comércio entregava-nos um projecto de portaria, dizendo-nos S. Ex.a que o Sr. Jorge Nunes, Ministro demissionário do Comércio, estava reunido no seu Ministério com os ferroviários da Companhia Portuguesa, e que havíamos de assinar essa portaria ou a greve rebentaria.

£ Então nós, homens públicos, trememos com uni ultímatum, seja de quem for?

Os homens públicos têm o dever de sacrificarem a sua- vida aos princípios que defendem, não transigindo com ultimatuns, venham donde vierem.

£ O que era essa portaria ?

Era nem mais nem menos do que um aumento de 100 por cento das tarifas dos caminhos de ferro, ^para qno a Companhia Portuguesa metesse no bolso 17:500 contos, isto à custa das reclamações dos ferroviários.

Encarámos a questão com uma clarividência, com uma clareza e com um brilhantismo que muito honra o Grupo Parlamentar Popular e muito me envaidece como seu chefe que tonho a suprema honra de ser.

O Sr. Cunha Liai, autoridade incontestável no assunto, expôs-nos com toda a nitidez o que significava essa decantada portaria. (Apoiados).

Os seus argumentos tam concretos e tam inteligentes ter-nos-iam posto inteiramente ao corrente dos factos se deles e por seu intermédio não tivéssemos já conhecimento.

A hora era bem trágica e nós não quisemos—porque os homens públicos têm o dover de transigir sempje que essas transigências- fiquem bem com quem as propõe — assumir a tremenda responsabilidade- de fazer malograr uma determinada composição ministerial apenas pelo capricho de nela não participarmos.

Depois de ouvirmos as explicações do Sr. Cunha Liai, nós estabelecemos três plataformas, 'dentro das quais nos podíamos entender. Elas são já do domínio público, todavia será conveniente relembrá-las.

Nós afirmámos então que estávamos convencidos de que os 50 por cento de aumento concedidos, à Companhia Portuguesa chegavam para satisfazer as reclamações do seu pessoal, computa.das em cerca de 4:500 contos 4

Assim, nós estabelecemos a seguinte plataforma que era, pode ° dizer-se, uma sondagem com o fim de verificar se o que estava em jogo eram simplesmente os interesses honestos e justos do pessoal da Companhia Portuguesa ou os interesses duma, companhia arruinada e falida. (Muitos apoiados).