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O Sr. Plínio Silva: —Peço a V. Ex.a

se digne consultar a Câmara sobre se permite que eu retire a minha moção.

Foi permitido,.

Leu-se na Mesa a moção do Sr. Velhinho Correia.

Foi aprovada.

O Sr. Presidente: — O Sr. António Gr anjo deseja, em negócio urgente; tratar da notícia publicada no jornal A Época sobre a intervenção de ministros estrangeiros na política portuguesa.

Vou consultar a Câmara.

O Sr. Manuel José da Silva (sobre o modo de votar}: — Bastou V. Ex.a indicar o -assunto de que o Sr. António Granjo se vai ocupar para eu o reconhecer da máxima importância e urgência, mas a verdade é que- o § único do artigo 24.° do Regimento proíbe expressamente que, em sessão prorrogada, se trate doutra matéria que não seja a que se debate.

O Sr. Presidente: — Foi exactamente por isso que eu consultei a Câmara, de contrário não o faria.

O Sr. Manuel José da Silva: — Já não

se deu o mesmo comigo, quando há dias quis, em sessão prorrogada,, ventilar um assunto urgente, pais a Câmara entendeu que eu o não podia fazer.

Registo a excepção feita. - Consultada a Câmara, foi reconhecida a urgência.

O Sr. António Granjo: — Sr. Presidente : um jornal de Lisboa, A Época, publica hoje um artigo intitulado Intervenção estrangeira, sob forma semi-literária, do qual se depreende que o Ministro da Espanha procurou o anterior Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sr. Melo Barreto, para lhe comunicar qualquer cousa que contendia com a nossa independência, com os nossos legítimos direitos de nação livre, e que, tendo o nosso Ministro anunciado ao Ministro inglês a démarche do Ministro de Espanha, o Ministro de Inglaterra tinha declarada ao Sr. Melo Barreto que tal démarche já era do seu conhecimento. Não se diz no artigo se se trata do Ministro de Espanha ou do Ministro de Inglaterra, mas diz-se em todo o caso que a primeira démarche foi rea-

Diário da Câmara dos Deputados

lizada por um diplomata que vive no velho palácio dos «meninos de Palhavã», que ó onde reside o Ministro de Espanha, e a segunda démarche foi feita por um Ministro do país cjue tem comnosco uma velha aliança, que não pode ser se-^ tíão a Inglaterra.

Mais se diz na notícia, ou se insinua, que essa. démarche dum diplomata"foi feita em virtude duma reunião do corpo diplomático acreditado junto da República e da qual saiu a deliberação "que justificaria por parte do Sr. Ministro de Espa-. nhã a démarche junto do nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Peço à Câmara uni pouco de atenção para. as minhas palavras. .Esta notícia veio na Época em termos semi-literários e semi-noticiosos, como que a fugir à responsabilidade das suas "afirmações, mas, veio em termos tam peremptórios e até tam pormenorizados que não era possível que deixassem He merecer nesta Câmara a mais veemente reprovação, (apoiados).

Sr. Presidente: pedindo desculpa a V. Ex.a e à Câmara de me ocupar deste estranho caso dum jornal português anunciar mentirosamente, porque antecipadamente declaro que constitui uma mentira, a intervenção estrangeira, fazendo quási a -apologia dela, pedindo desculpa disso, perante V. .Ex.a e a Câmara, tenho em todo o caso de fazer umas "pequenas declarações que vêm ao caso e são necessárias para explicação do assunto.

Vi hoje no Mundo um telegrama noticiando que Paiva Couceiro, .concedendo uma entrevista ao Journal dês Debats, apregoava como0 necessária a intervenção estrangeira para fazer em Portugal a ordem e a paz indispensáveis para a gestão dos negócios públicos.

Sr. Presidente: o velho princípio que antes Afonso XIII que Afonso Costa persiste em muitos espíritos nela raiva e pelo ódio à República e forçoso 'ó dizer que. da parte dos U-overnos não tem havido a indispensável e necessária energia para evitar, ou reprimir actos como estes.

O Sr. Presidente do ministério (António Maria,Baptista): — Permita a Câmara que eu suspenda esses jornais...