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Sessão de 10 de Março- de 1920

Esse povo, pode V. Ex.a ter a certeza, está passando fome.

No capítulo de redução de desp,esas, no programa ministerial, muita cousa inútil V. Ex.a encontrará para inutilizar.

Em todos os seus Ministérios V. ÍDx.a encontrará muitas comissões inúteis. Sobre o assunto das subsistências estou de acordo com V, Ex.a porque já desse caso eu aqui mo ocupei muito largamente, embora som quo as bases que apresentei fossem levadas à prática.

V. Ex.a ó pequeno de corpo, mas parece grande do coração e de coragem!

O problema das subsistências faz parte do direito à vida; nada tem com o livre-câmbio. Tom do sor regulado de forma tal: que os preços sejam de harmonia com a produção e possam oferecer as necessárias condições para alimentar os estômagos de toda a gente dentro do País,

Os géneros alimentares não podem estar sujeitos ao capricho do negociantes gananciosos, como outros quaisquer artigos.

V. Ex.a falou em eooperativismo e nessa obra tom este lado da Câmara absolutamente a seu favor.

Há aqui muitos cooperativistas e até um fanático pelo cooperativismo.

Por minha parte sou um velho de-.fensor do princípio cooperativista.

Se V. Ex.a está disposto a resolver a questão da-s subsisíôncias, empregando • esse grande meio do cooperativismo, V Ex.a encontrará em mim, apesar do velho, uni colaborador entusiastas sem interesse nem de um centavo.

Estou pronto a colaborar nesse sentido . ao lado do quem, com firmeza, tentar estabelecer solidamente, praticamente, o' regime cooperativista.

'Faço a abnegação do meu tempo e da minha actividade, empregando-os na obra do cooperativismo, talvez o caminho mais directo para o ombaratecimento das subsistências.

Falou V. Ex.a também nas suas medi-'•das contra os assambarcadores.

Chamo a atenção de V. Ex.a para que faça cumprir a lei que a êsso respeito já existe.

Aflige-me muito ver que os pequenos assambarcadores, esses desgraçados que arrecadam uns quilogramas de açúcar, são presos e condenados, ao passo que os grandes assambarcadores, que eu consi-

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dero verdadeiros criminosos, porque exploram com a forno e a miséria do povo, continuam cada Arez mais a fazer o seu ilícito negócio sem que lhes seja aplicada a lei. (Muitos apoiados).

Não ostou fazendo política; estou falando com toda a sinceridade e animado das melhores intenções.

Eu vejo com desgosto que o programa ministerial de V. Ex.° não toca num dos principais e mais importantes pontos que neste momento se impõem para a rnorige-ração da sociedade portuguesa. Honro-me aos meios de combater o alcoolismo.

Desgraçadamente somos um povo perdido se não entravarmos quanto possível o desenvolvimento do vício do alcoolismo em Portugal.

V. Ex.a está colocado nas altas regiões a que a sua posição o obriga, -e por isso, para felicidade sua, não chega a ver o que se passa no povo propriamente dito, is to''é, nas grandes massas anónimas.

Em geral, de noite a populução portuguesa nem vai para as escolas, apezar de analfabeta, nem vai para as suas associações de recreio, nem vai para as suas as-sernbleas defender os seus interesses; descura ato os seus próprios negócios para se entregar ao vício da bebida, à sua en-toxicação, à sua verdadeira desgraça.

A regulamentação especial da venda de bebidas intoxicantes é uma medida de proibição prática o positiva que podia fazer-se contra o alcoolismo, com aplauso do maior número e grande proveito para o País.

Passaríamos a ter menos idiotas e menos invertidos.

Nos Estados Unidos da América, quando uma associação de abstencionistas, os teetotállers, adquire preponderância e chega a tomar conta duma câmara municipal o de toda a engrenagem administrativa, o alcoolismo atenua-se considerabilíssima-inente.

Eu trabalhei ali com irlandeses, os maiores alcoólicos. Gastavam alguns os dez dólares que ganhavam por semana e saíam da. taberna om seu juízo, porque o vinho mais reles custava meio dólar, o toda a féria esbanjada em álcool não chegava para embriagá-los.