O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 10 de Março de 1920

27

. S. Ex.a tem de ficar esclarecido a respeito das opiniões que se formam em volta da sua declaração ministerial.

Diz-se, por exemplo, que está pobre o Estado.

O amigo Banana não diria melhor.

Isto digo-o eu, que não sou financeiro, di-lo o mais simples articulista, di-lo aquela criatura que trata de finanças, só porque é cobrador de finanças.

Redução 'da circulação fiduciária! Este ó o rótulo da panaceia para resolver a situação económica.

Desejo que o Sr. Ministro das Finan-.ças me explique como vai agir para conseguir essa redução. Não intimo, porém, S. Ex.a a responder-me já, porque não desejo comprometê-lo. (Risos).

£ A quantidade de moeda de prata que existe nos cofres do Banco de Portugal pode, porventura, vir substituir a nota?

Certamente que S. Ex.a o Sr. Ministro das Finanças não me dirá que essa' prata pode vir para o giro, competir com o valor escudo em notas. Mas... eu não conheço os planos financeiros" da S. Ex.a

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria Baptista):— V. Ex.a saberá depois.

O Orador:—Reduzir a circulação fiduciária entendo que é pô-la no valor metálico.

O Sr. Presidente: — Faltam 10 minutos para encerrar a sessão.

O Orador: — Para não tomar por mais tempo á atenção da Câmara dou por concluídas as minhas considerações, pedindo, porém, a V. Ex.a o obséquio de consultar a Cfimara sobre se aprova b requeri-mentp que desde já formulo para que a sessão seja prorrogada ato que termine este debate político.

Consultada a Câmara, foi o requerimento aprovado. x

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Ladislau Batalha.

O Sr. Ladislau Batalha: — Serei sumamente breve, porquanto a minoria socia-

lista já definiu "a sua atitude pela boca do seu leader.

Jil de praxe consuetudinária fazer-se em pouco tempo o debate político a propósito da apresentação dos Ministérios.

Outrora falavam os leaders, e tanto bastava.

Infelizmente vejo que quanto mais graves se apresentam as crises ministeriais mais se vai contrariando essa praxe.

Já quando foi da apresentação do Ministério transacto o respectivo debate político durou cinco dias; mas felizmente dessa vez ainda pudemos constatar que realmente se estava discutindo o assunto. Agora, .porém, nesta situação bem mais melindrosa do que a de então, pois a gravidade das crises ministeriais se intensifica de hora para hora, eu assisto a uma discussão que já leva dois dias, .em que os oradores quási não se referem precisamente ao programa ministerial que o Sr. Presidente do Governo leu à Câmara.

Tem sido feita uma discussão que, em verdade, pertence mais aos congressos dos partidos do que ao Parlamento.

Já agora peço licença de fazer aqui a confirmação dum artigo que escrevi há pouco, ao qual pus o meu nome por baixo com todas as letras. Eu poderei ter sido injusto, mas nunca falto de carácter. O que disse não foi mais do que repetir o que se ouve lá por fora a propósito do Parlamento, na boca de toda a gente, sem que haja quem tenha a coragem de o proclamar alto.

Dizer-se que há divergências no Partido Socialista, como se tem dito e insistido, também não é verdade. As divergências existem deveras nos partidos burgueses, motivadas pelo desejo de irem às cadeiras do Poder.

As divergências no Partido Socialista são divergências de doutrina. Neste momento a divergência que só aparentemente existe é sobre se os empregados públicos são ou não assalariados, ili uma questão doutrinária. Há uma outra divergência também aparente : a do intervencionismo ou não intervencionismo. São assuntos de tese- geral, e não de interesses materiais.

Sr. Presidente: chamo a atenção do Sr. Presidente do Ministério, pois vou referir-me a S. Ex.a