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Diário da Câmara dos Deputados

nistórío todo o respeito e consideração devidos a um homem de valor e coragem, como demonstrou neste momento assumindo o Poder, tomando o encargo de restabelecer a ordem o o respeito na -sociedade portuguesa.

V. Ex,a já me conhece e sabe que sou sempre duma grande isenção, serei às vezes até rude no ataque, mas nunca injusto.

Eu vejo no programa que V. Ex.a trouxe ao Parlamento, com ânimo de solver dificuldades e resolver os problemas latentes, dois ponto s importantes. Um deles permite-se desenvolver as receitas e o outro permite"-se restringir as despesas.

É bom, diz muito em poucas palavras, mas não estará completo. Eu peço, portanto, licença para lembrar á V. Ex.a e à Câmara alguma cousa que lhe facilite o cumprimento dessa parte do seu programa.

As receitas dos Estíidos ou RR melhoram polo desenvolvimento natural de novos elementos de trabalho e de actividade, com a criação de novas indústrias, etc., ou se mulhuruin meteu do dentro da tributação as actividades que ainda não estão tributadas, ou se melhoram também sobrecarregando a tributação das actividades que já estão tributadas, mas que se reconhece não o estarem ainda suficientemente.

Ora eu creio bem que, infelizmente para Portugal, não temos novas fórmulas de trabalho e de actividade sobre que neste momento vá incidir a tributação. Ela', portanto, tem' de incidir positivamente sobre as actividades já existentes dentro do país. E para elas, pois, que chamo a atenção de V. Ex.a, independentemente das concepções que ao Sr. Ministro das Finanças do Ministério de V. Ex.a já terão anuído.

Lembro a V. Ex.a que Portugal é o único país que não intensificou a tributação, que não colheu os frutos materiais da guerra. Está tudo por fazer, o à sombra desta impunidade, chamo-lhe assim, tom abusado extraordinariamente no nosso país. «

Sr. Presidente do Ministério : duas companhias há, e porventura mais, mas que eu não conheço, cujos capitais se representam por acções com uma só chamada de 10$, que tem distribuído divi-

dendos fabulosos. Uma delas tem distribuído 50$ a 60$ a acionistas que apenas entraram' com 10$! Ora isto uão é ganho; não é lícito que em Portugal, na situação presente, haja quem, dentro dos previlégios das leis capitalistas, esteja cobrando 00$ e 60$, com o desembolso apenas de 10$!

Uma outra companhia muito conhecida, talvez a mais importante de Portugal, distribuiu 18õ por cento de lucros!

Vozes: — «jMas quais são essas companhias ?

O Sr. Velhinho Correia:—Diga V. Ex.a os nomes..

O Orador:—V. Ex.as sabeín muito bem quais elas são. .

Unia voz: —Mas ó bom que se citem os nomes.

O Orador: — É fácil saber quais elas são, mas não está no meu feitio dizê-lo.

A companhia a que mo estava referindo vendc-u durante o ano velas a $12 cada uma, e não cada pacote, como poderia haver quem conjecturasse, e o sabão foi elevado de $16 a 1620 e 1$30!

Pois verificou-se pelos lucros distribuídos-, tanto como 180 por cento, que esta companhia podia e devia ter continuado a vender, como dantes, as velas a $04 e o sabão a $16.

Isto é um. roubo!

Pois esta companhia é ainda das que ganham menos.

A Companhia" de Pescarias no Algarve distribuiu 300 a 400 por cento, no ano passado, aos seus accionistas!

Não tenho a mínima inimizade para com estas companhias; o meu intuito é dar a V. Ex.a-as indicações por onde deve começar a colheita de proventos para o erário, com aplauso do povo.

Na Sua dos Capelistas — como geralmente se denomina o alto comércio — tem V. Ex.a bem onde encontrar- os 115.000$ de déficit orçamental.

A raça portuguesa, parecendo que é um povo irrequieto e insubordinado, é o-povo mais pacífico e com as qualidades mais sofredoras que eu tenho visto.