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Sessão de 10 de Março de 1920

Sr. Júlio Martins, deviam tê-lo convencido, e estranho que mesmo essas não produzissem o efeito desejado. O Sr. Domin-gues dos Santos confessou, quando o Sr. Júlio Martins lhe preguntou se estávamos entre a espada e a parede, que a greve estalaria, se porventura o Governo que se formasse não desse resposta à proposta dos ferroviários. E devo dizer que as palavras do Sr. Júlio Martins foram uma habilidade. S. Ex.a disse que-lhe parecia que estávamos em face.duma coacção e que a greve estalaria naquela noite; e V. Ex.a confirmou. •

O Sr. Domingues Santos : —<íV. adiada='adiada' aquela='aquela' que='que' a='a' conversar.='conversar.' e='e' tinha='tinha' greve='greve' ex.a='ex.a' podíamos='podíamos' votada='votada' p='p' eu='eu' disse='disse' para='para' sido='sido' portanto='portanto' licença='licença' noite='noite' dá--rne='dá--rne' mas='mas'>

O Orador: — Parece-me, no entanto, Sr. Presidente, que a solução não era a mais consentânea com as exigências da hpra presente. Quando o Sr. Domingos Pereira preguntou ao Sr. António Maria da Silva porque ó que não tinha formado Gabinete, eu, se fosse S. Ex.a, diria que era necessário o Partido Democrático dar um exemplo de alta isenção, para lá fora se ter a impressão de que esse Partido não queria estar sempre no Poder.

V. Ex.as sabiam que o Grupo Popular arcaria com as responsabilidades de bater o pé a quem lho batesse, porque estava cheio duma nobre convicção de que, em breve, melhores dias viriam para o país.

Os Partidos políticos estão a desmanchar-se como - um bocado de argila mal cosida, e nós é que temos mantido sempre a mesma conduta, a mesma solidariedade através de todas as lutas.

O Grupo Popular não têm clientelas a atender e todos os homens que contêm no seu seio acorreram à chamada geral que dirigiu ao País. E o meu grupo declarou que o Partido Democrática ficaria honrado, já que o Partido Liberal seria, no momento, mal recebido.

Vou terminar, desejando ao Sr. coronel António Maria Baptista uma vida próspera.

Sei que S. Ex.a possui raras qualidades de energia. Oxalá que as manifeste quando for preciso. Não desejo que as manifeste.intempestivamente de-modo que

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essa energia se assemelhe a uma provocação. Só alto se colocará S. Ex.a fazendo obra benéfica e o País também ficará bem alto porque a anarquia acabou.

Com aquela lialdade que os' homens públicos devem aos homens públicos, eu aigo a S. Ex.a que já cometeu erros: o erro de não ter acompanhado o Grupo Popular na sua manifestação de intransigência perante a coacção que se pretendeu exercer sobre o malogrado Governo do Sr. António Maria da Silva, e 'o erro de presidir a um Ministério que não .é partidário, como. S. Ex.a sempre defendeu.

Resgate S. Ex.a esses erros com uma obra digna e cheia de energia.

Não acredito nessa obra. Oxalá, contudo, que me engane e S. Ex.a nos dê o prazer de desmentir as minhas afirmações, lançando os alicerces doutro Portugal maior. Mas não acredito.

j E que prazer enorme eu não teria que S. Ex.a mo desmentisse !

Nestes tempos que vão correndo basta um mês para desfazer as nossas apreensões ou para as tornar- mais pesadas.

j Oxalá que daqui a um mês o riso de satisfação que S. Ex.a tem nos lábios, neste momento, seja o mesmo de hoje! (Apoiados).

O discurso será publicado na integra, revisto pelo orador, quando restituir, revistas, as notas taquigráficas qne lhe foram enviadas.

Leu-se a moção na Mesa, sendo ad nítida.

O Sr. Velhinho Correia:—Eu não desejava, Br. Presidente, intervir neste debato político, é mesmo a primeira vez que levanto a minha voz no Parlamento num debate puramente político. Faço-o em nome pessoal, faço-o como soldado dum partido político da República.

Falaram os leaders, falaram os chefes, fala agora um soldado' que tem a consciência da gravidade da hora presente, um soldado que quere marcar o seu lugar e que quere marcar a sua personalidade, humilde, é certo, mas honesta e digna.