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nistro, que era preciso ter os ferroviários bem dispostos connosco, por que era ne-cessáric trazer rapidamente para os grandes centros os géneros alimentícios suficientes para o barateamento' da vida.

Sr. Presidente: é tam pequena a diferença- que há entre a solução que ou propunha e a do Sr. Cunha Liai, que eu ainda neste momento continuo afirmando que não se conseguiram vencer dificuldades, não por divergências de opiniões, mas porque não houve a serenidade precisa. Houve, com efeito, qualquer cousa de irritante que perturbou o conselho em que estávamos, houve qualquer cousa de intrigante, que já se tinha levantado nos corredores do Parlamento. E foi esse estado de espírito em que estávamos que, não deixando ver com sossego todas as soluções, " levou o Sr. António Maria' da Silva, Presidente do Ministério, a apresentar a demissão do gabinete.

Nessa altura, para que os ânimos se excitassem ainda rnais, havia o telefone do • Paço de Belém constantemente a chamar --nos ; e ô telefone do Ministério do Comércio a dizer-nos que os ferroviários"nos esperavam! . . .

Foi devido a essa falta de serenidade, que o Ministério não se manteve. Mais umas horas^ de descanso e de sossego, e teríamos vencido todas as dificuldades, em que o Ministério esbarrou.

E folgo, neste momento, de poder afirmar que todos os homens que constituíam esse Governo estavam dispostos a uma obra eficaz para defesa da Eopúbli-ca. Ontem o Sr. Júlio Martins declarou daquele lado da Câmara", e com grande apraziníento meu, que os membros do Grupo Popular se tinham por.tado, no Ministério em via de formação, com toda a honestidade e galhardia. Eu aprovo essas palavras, mas reclamo para nós, membros do Partido Democrático, o mesmo direito do fazer essa afirmação, (Apoiados'). • •

Sr. Presidente : disse eu há pouco que o que levou à não formação do Ministério do Sr. António Maria .da Silva foi a falta de serenidade. É tambôm a falta de. serenidade que nos tem trazido divididos, e que levou o Sr. Álvaro de Castro a não formar Ministério.

Se S. Ex.a tivesse a serenidade indispensável em momentos desta' natureza,

Diário da Câmara dos Deputados

não teria declinado o convite. É essa falta de serenidade que não deixa ver com clareza a situação em que nos encontramos. Até ontem no Parlamento se disse que nas fronteiras a polícia nos vigiava!

E preciso que afirmem que queremos e podemos viver sem vigias e que não há país nenhum do mundo que tenha o direito de vigiar os nossos actos. A nossa vizinha Espanha que x)lhe para si, para os seus conflitos internos. O que se passa em Portugal é o mesmo que se está passando em todos os países e temos o direito de pôr em ordem a nossa casa, isso por nossas mãos.

Quero também protestar contra as palavras do Sr. Ramada Curto. S. Ex.a afirmou que a revolução social seria imposta lá por fora.

Finalizando as minhas considerações, que apenas tiveram em mira definir a minha atitude perante o Governo do Sr. António Maria da Silva, eu limito-me a saudar o Governo de V, Ev.a fazendo votos para que V. Ex.a possa resolvei-os graves problemas que neste momento preocupam o Governo, e para V. Ex.as ttrs. Deputados, obrigado poios momentos de atenção que me prestaram.

Tenho dito.

O discurso será publicado na integra, guando, revistas pelo orador, forem devolvidas as notas taquigráficas.

O Sr. Cunha Liai: — De harmonia com as prescrições regimentais mando para a Mesa a minha moção de ordem:

Moção

Por motivo das circunstâncias anor-malissímas da. hora presente, o Grupo Parlamentar Popular, entendendo que a crise não tem a solução exigida pelas circunstâncias da hora pre*sente, declara, em todo o caso, que votará o adiamento do Parlamento por um mês, atitude que adotaria para qualquer outro Governo, e passa à ordem do dia.

Sala das Sessões 10 do Março de 1920.— O Deputado, Cimlia, Liai.