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Diário da Câmaraldos Deputados

Foi dada ao rnou partido a presidência dêsso Ministério, e, reunidos os meus colegas do Directório, comunicaram-mo que tinha sido eu o escolhido para a presidência desse gabinete, caso o Sr. Presidente da Eepública me chamasse para esse fim.

Prevendo essa hipótese, oncontrei-me com o Sr. António G r anjo, com o Sr. Afonso de-Melo e com o Sr. Júlio Martins. Fiz tudo quanto coube nas minhas forças para conseguir que os Srs.'António Granjo e Júlio Martins .cooperassem comigo nessa oí>ra.

De resto, parecia-me isso uma tarefa fácil pelas relações de estrema amizade ' que nos ligavam.

Vi da parte do Sr.' Afonso do Melo muito desejo de que isso se conseguisse.

Eelatou o Sr. Júlio Martins a V. Ex.a e à Câmara a razão porque tal desejo se não efectivou, sendo, corto, porém, que numa doíormmada altura eu já tinha conseguido que o Sr. António Granjo entrasse para a pasta da Justiça.

O Sr. Júlio Martins tinha marcado para o público uma determinada posição e parecia-lhe que só com menoscabo da sua personalidade política ó que poderia sobraçar a pasta da Guerra.

Frisei que o facto de S. Ex.a sobraçar essa pasta não podia ser uma determinante de que qualquer combinação se nS-o fizesse.

• Conheço o carácter do Sr. Júlio Mar-* tias, a sua invulgar inteligência e excelente critério, e nunca podia admitir quo esse homem público fizesse qualquer cousa que não conviesse ao País pelo extraordinário respeito que ele tem pela sua ' pessoa e pelo' grande amor que ele tem à República" (Apoiados).

Não me confrangia essa idea séquero um minuto, porquanto eu sabia bem corno S. Ex.a se tinha desempenhado como Ministro do Comércio, a sua prudência o a sua ponderação e o seu firmo propósito de não fazer qualquer obra que não fosse de acordo com os seus colegas do. Ministério ou de praticar qualquer acto que n5o"haja de sofrer o exame do Congresso' da República. " .

Convenci-me nesse momento de que tinha vencido, mas em breve os factos se encarregaram de me mostrar que me tinha iludido, mais, certamente,' pela po-

breza dos meus recursos intelectuais, que eram insuficientes para convencer alguém, do'que pelos meus propósitos de conciliação, que eram bem honestos e cheios do mais acendrado patriotismo. Pena foi quo assim tivesse sucedido, por que talvez se tivesse conseguido modificar a fisionomia política do Congresso ~o acabar com as lutas pessoais, quo só servem para desprestiar a República.

Fui mais uma vez infeliz. Bastantes vezes o tenho sido, ó certo, mas nunca desejei tanto ver coroados do êxito os meus esforços como nesse momento.

O Sr. Afonso do Moio insistiu para quo. eu não abandonasse a posição de presumido chefe do Governo, aconselhando-me, uma vez quo ora impossível obter a colaboração de elementos do Partido Liberal, a pedir a cooperação dos Populares, mas o Sr. Júlio Martins entendeu, também, que o não devia fazer.

Depois disso o Sr. Afonso do Melo, em nomo do Partido Liberal, declarou-me quo, embora êssu purildo nau autjuats&o-qualquer pasta, estava disposto a auxiliar-me em tudo, votando, inclusivamente, o. adiamento das sessões parlamentares.-

Posta a questão nestes termos, eu não p"odia, legitimamente, deixar de assumir essa incumbência»

E agora, já que me referi a estas dê-marches, permitam-mo V. Es.ns que enderece as minhas0 mais sinceras saudações e os meus maiores agradecimentos a todas as criaturas com quem as realizei péla gentileza com que me receberam.

O Sr. Presidente da República conversou comigo a tal respeito e disse-me que talvez nenhum homem público tinha sido indicado por tantas individualidades, e estava convencido de que eu não me esquivaria a aceitar a incumbência.

Tinham combinado reunir no meu gabinete, na Administração Geral dos. Correios, para depois-seguirmos para Belém. Discutindo e trocando impressões veio a história da portaria ontem aqui relatada pelo Sr. Júlio Martins.

Tinham-mo certificado que os ferroviários estariam sossegados durante vinte e quatro horas. Era o tempo necessário para que o Governo se inteirasse da situação'.