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Sessão de 10 de, Março de 1920

tempo ao País. O melhor serviço que podámos prestar ao País ó ajudar a esclarecer a vida política portuguesa.

Só estranho que o chefe do último Ministério tivesse vindo dizer a esta Câmara que o Parlamento votaria a sua própria sentença de morte.

O Sr. Domingos Pereira:—V r Ex.a dá-me licença/? Peço disculpa de o interromper mas preciso esclarecer as suas palavras. Parece-me que V. Ex.a se está referindo a mim.

O Orador: —É bom ,que acabemos equívocos. (Apoiados). E bom que cada um deixe aos outros a responsabilidade das suas palavras. (Apoiados). V. Ex.a afirmou claramente, e em minha fé o digo. afirmou aqui dentro que, se o Parlamento criasse dificuldades ao Governo, se colocava por tal forma perante a consciôn-cia do País que lavrava a sua sentença de morte.

O Sr. Domingos Pereira:—V. Ex.adá--me novamente licença.? Disse isto : governe a Governo com acerto, energia e decisão. Governando assim, não pode o Parlamento tirar-lhe os meios para governar. Se lhos negar, o GovOrno não, mas- o Parlamento ficará mal perante a opinião pública.

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O Orador : — Não quero continuar nesta discussão que se vai transformando-num colóquio com o Sr. Domingos Pereira.

Continuarei afirmando que as palavras do Sr. Presidente do Ministério são uma acusação ao Parlamento actual. Se este Parlamento não tivesse procedido para com o Govôrno com aquela correcção, com aquela isenção de íínirno, se não se colocasse absolutamente ao sou lado e dificultasse a-sua vida ministerial, o Parlamenta ia mal. Isto quore dizer que este Governo valo o Parlamento o os Parlamentos valem, os Governos.

O Sr. Velhinho Correia : - - Não apoiado. Mal do País se os Parlamentos não tivessem 'sido superiores aos Governos.

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O Orador: — O Presidente do Ministério transacto, pela obra que deixou de realizar e pela obra de perturbação que realizou, não tom o direito de lembrar a este Parlamento os seus deveres. (Apoiados).

Para que os Governos" possam lançar a pedra aos telhados- do Parlamento é preciso que governem, que tenham ideas e planos, que não sejam ò que foi o Governo do- Sr. Domingos Pereira-, o causador da situação actual. (Apoiados).

Lamento que não esteja presente o Sr. Jorge Nunes para lhe dizer o seguinte: "consta-me que o Sr. Jorge Nunes procurou os membros do comité executivo da greve para lhe dizer o seguinte:* «a proposta, na generalidade, foi aprovada, contudo o Parlamento já introduziu tais alterações na especialidade que ela já não é tal como se apresentou».

O comité, em face das palavras do Ministro do Comércio, declarou a greve, e foi a greve, dos ferroviários o inicio de toclas as perturbações, porque essa greve levou o Parlamento à capitulação .perante, os grevistas e demonstrou que neste país basta ba-ter o pé aos Governos para que os Governos cedam.

Todos os funcionários foram para a greve. As estações telégrafo-postais, as repartições públicas ibram abandonadas. De modo que a causa máxima da perturbação da vida portuguesa, foi o Governo transacto. (Apoiados).

Não foi o Parlamento, ou melhor, o Parlamento tem as 'suas culpas, tem a culpa de ter acedido à formação do Governo, de, excitado pelas palavras de patriotismo do Presidente do Ministério transacto, ter- contribuído para a sua obra. Reconheço que o Sr. Presidente do Ministério tenha dito cousas ao país talvez arrastado por uma solidariedade ministerial, porque conheço o seu grande coração .de patriota, porque ele chegou aqui e forçou o Parlamento a fazer unia cousa que foi o inicio de toda a desordem actual.

Caiu o Governo . ..

O Sr. Pais Rovisco: —E muito bem.