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procuram, por todos os meios, enfraquecer a acção dos governantes e empobrecer e exaurir o país, para prejudicarem a vida da República.

Se eu fosse Governo, não quereria que o Parlamento se fechasse e antes desejaria que ele acompanhasse a par e passo a marcha dos acontecimentos, tomando comigo as responsabilidades dos actos do Governo e das medidas adoptadas.

Sr. Presidente: eu não teria talvez necessidade de me referir a ôste assunto se não quisesse assumir as responsabilidades que me cabem de qualquer acto que porventura se passou na minha ausência.

É preciso proceder à expropriação dos grandes capitalistas, deixando-os • com aquilo que ilegitimamente já ganharam e tirando-lhes o instrumento de que se têm servido para espoliar a Nação, que o mesmo é que tirar ao salteador o trabuco com que assassina nas estradas o caminhante desprevenido e indefeso.

K pois absolutamente indispensável que se tire o trabuco da forne.àqueles que têm as fábricas de moagem, ou os grandes depósitos de géneros nas suas mãos, .a não ser que haja o propósito firme de nos fazer largar a própria pele.

Nestas condições, erítendo que urge encarar, o problema das subsistências com toda a urgência e coni a máxima energia.

Não basta, porém, baratear o preço da pão, porque nem só de pão vive o homem; é necessário olhar também para os artigos de vestuário que estão atingindo preços quási inacessíveis.

Eu sei que há industriais e comerciantes que têm realizado lucros superiores a 150 por cento.

A estes lucros exagerados e sem dúvida ilegítimos é que ó preciso pôr resolutamente um travão. .

Será, porém, difícil achar alguém que tenha a audácia—porque hoje é já preciso ter audácia para o fazer—de pôr cm execução as medidas necessárias.

Se hoje os preços não atingiram já um valor muito mais elevado que o actual, ó porque pesa sobre a cabeça dos negociantes a constante ameaça dos assaltos.

Quando nós reconhecemos que c receio dos assaltos coloca os homens do comércio na situação de n,ão nos arrancar couro e cabelo, vejo num jornal que vai ser permitido pelas autoridades a organi-

Diàrio da Câmara dos Deputado»

zação duma polícia constituída por comerciantes para... j estes se defenderem daqueles a quem roubam!

j Chega a ser inconcebível que haja cérebro que pudesse albergar semelhante idea !

j Os ladrões armados corn leis, e ainda por cima armados agora com armas contra os roubados!

E absurdo!

í Pede-se o uso do porte de arma para pessoas que pela legislação não se encontram em condições de trazer arma!

Efectivamente, o alto comércio ó constituído, na sua grande parte, por pessoas que mais têm atacado a Kepública.

.Se a polícia de segurança do Estado é insuficiente, que- se desenvolva a polícia de segurança do Estado, mas uma polícia de segurança dos comerciantes não compreendo de maneira alguma.

Ordem, ordem e ordem.

São as três palavras sacramentais do Ministério actual.

O Sr. Presidente do Ministério (António Maria Baptista):—Não são palavras do Ministério, são palavras minhas.

O Orador: — Desculpe-me V. Ex.a querer tirar-lhe a propriedade, mas não era esse o meu propósito.

A ordem que é indispensável manter é nos espíritos, e, em vez dum Governo de força, desejaria que V. Ex.a quando saísse daquele lugar, tivesse a consolação de toda a gente lhe dizer que foi um Governo de juízo.

Parece-me que neste momento as medidas essenciais são aquelas que correm, ou devem correr, pelo Ministério das Finanças.

Ora neste ponto não posso dizer a S. Ex.a se a Câmara aplaude, ou deixa de aplaudir as medidas que vão ser propostas, 'e por esta razão simples, ó que, diz-se aqui, essas medidas hão-cle ser as adequadas.

Ora isto não é nada, adequadas têm sido todas.