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Emquanto permanecer uma proporção de analfebetismo tam grande como a que existe, mio haverá regeneração possível.

Outro ponto finalmente que pode constituir importante fonte de receita é o jogo.

Foi proibido o jogo pelo Governo transacto. .

Foi proibido e muito bem, porque não era jogo, era perversão e inversão completa dos bons costumes; fonte de prostituição, causa de roubos é determinante de suicídios! . .

O Sr.Velhinho Correia: — Era jogo.

O Orador1: — Era jogo e prostituição. É certo que o jogo, conforme estava feito, foi bem acabado.

Mas já agora permitam-me que diga o que a minha experiência me dá.

O jogo'tornado público em Portugal é uma perfeita desgraça. (Apoiados).

Mas Portugal é uni país que tem um largo f u luro na exploração do turismo.

E bom sabór-se como milionários turistas lá fora, em determinados países, gastam o dinheiro; e onde o jogo falta, eles furtam-se a visitar.

Quere isto dizer que a proibição absoluta e completa feriu interesses grandes que neste momento estão constituindo talvez elementos concorrentes para a perturbação da sociedade portuguesa. ,

ímp.õe-se um limite de pequenas áreas, que poderiam ser Cascais, Estoril, Espinho, Praia da Kocha, Figueira da Foz... (Não apoiados}.

Deve ser feita proibição fora das áreas e exigír-se aos jogadores a respectiva licença, nos casos em que a lei permita concedê-la.

O Estado joga. .

As lotarias não são mais do que um jogo permitido.

Apartes.

Eu não sou jogador. . .

O Sr. Mem Verdial: — j Mas está fazen-' do o jogo dos jogadores!

O Orador:—Não estou tal! E que V. Ex.a não compreendeu o alcance das minhas afirmações. Eu estava exactamente a afirmar o contrário, isto é, que, em princípio, sou contra o jogo e se, de facto, o aceito, é porque ele existe em gran-

Diário da Câmara dos Deputados

de escala om todos os países civilizados : em Espanha, .em França, na Inglaterra.. •

O Sr. Mem Verdial:—V. Ex.a está equivocado! jNa Inglaterra o que existe em grande escala é o jogo do box! (Risos).

O Orador: — E, nessas condições, não há outra cousa de prático a fazer senão tirar desse mal inevitável todo o proveito que for possível tirar dele.

Exposta assim ligeiramente a minha opinião sobre a declaração ministerial e sobre o seu programa, permita-me a Câmara quo eu, chamando a atenção do 'ilustre Deputado o Sr. António Granjo para as palavras que vou pronunciar, rectifique algumas afirmações íeitas por S. Ex.a, que, sendo incontestavelmente um erudito e uma figura de extraordinário relevo dentro do Parlamento, não possui, talvez por falta de tempo para se dedicar ao assunto, uma clara, nrecisa e moderna concepção sobre questões sociais, o que o leva, todas as vezes que as aborda, a fazer confusões deploráveis sobre pontos que estão já claramente determinados.

Distinguiu S. Ex.a socialismo e sindicalismo . . a

O Sr. António Granjo: —«;E V. Ex.a

não distingue?

O Orador: — Não, senhor!

O Sr. António Granjo: — j Então é V, Ex.a que faz confusão!

O Orador: — Anarquismo, comunismo, colectivismo e sindicalismo. não são mais do que variantes duma fórmula única: o socialismo. No dia em que o socialismo for uma realidade, o comunismo e o sindicalismo desaparecerão por se terem fifndido na sua fórmula única tornada prática: — o socialismo.

Mas S. Ex.a declarou mais: que o socialismo falira e não tinha missão. Ora, fazendo esta afirmação, vê-sé que S. Ex.a não reparou que é o socialismo que está governando a Europa inteira neste momento.