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Aguardo os actos de V. Ex.a, .convencido de que eles não desmentirão as suas palavras, apesar dalguns, já depois de que V. Éx.a é Ministro, atraiçoarem claramente as suas palavras. Aguardo, no . emtanto, repito, os actos de V. Ex.a para ..melhor pronunciar-me.

Tive há dias conhecimento dum caso, verdadeiramente extraordinário, que vou revelar à Câmara, e no qual o Sr. Ministro da Instrução Pública representou o seu papel, não o papel que lhe competiria harmónico'com o seu cargo de Ministro, mas um papel que lhe foi imposto por camarilhas políticas, o que não é admissível de forma alguma.

Trata-se do caso que eu vou relatar à Câmara:

Em Beja, a imprensa local ou determinado órgão da imprensa fez acusações concretas acerca da idoneidade moral de determinado professor da Escola Primário Superior de Beja.

Essas acusações correram público, e o que ó certo é que ao Sr. Ministro da Instrução Pública foi dirigido um requerimento pelo professor visado, que, por

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uma sindicância aos seus actos.

Como ó de prever, o Sr. Ministro da Instrução Pública imediatamente providenciou, de maneira que foi nomeado sindicante uni professei5- do Liceu de Beja, que é um dos professores mais distintos do nosso corpo docente de ensino oficial, professor que no Ministério da Instrução Pública todos sabem ser dos mais distintos, o Sr. G-abriel Baptista Sirnas. para averiguar das acusações concretas dirigi-gidas ao referido padre professor.

Esse professor sindicante, ao ter conhecimento de que fora indicado o seu nome para uma-tam alta missão de confiança, dirigiu-se a Lisboa pedindo escusa de tal incumbência, porquanto ôsse professor tendo sido há dias transferido para um liceu das ilhas, estava disposto a permanecer na metrópole pouco mais tempo do que falta para o fim do ano lectivo e não queria arranjar inimizades que são sempre a resultante das sindicâncias.

Instado, porém, aceitou 6sse encargo e procurou o director do jornal que tinha feito as referidas acusações concretas e que diziam respeito ao facto do professor arguido ter chamado uma ou várias alu-

Diário da Câmara dos Deputados

nas à sacristia a fim de lhes explicar determinados pontos da matéria e ainda para lhes ensinar alguns pontos da lição.

O director do jornal indicou imediatamente três testemunhas para confirmarem a veracidade da sua afirmação. Quando isto sucedia, com grande espanto seu, o sindicante recebeu .um telegrama do Sr. Ministro da Instrução Pública convidando-o a vir'imediatamente a Lisboa.

A política de Beja, pôr intermédio dos seus elementos de valor, tinha feito sentir a necessidade de não ser esse professor quem fizesse a sindicância, alegando que ele era monárquico.

Eu, com as responsab ilida dês que cabem a um nome que nada vale, tendo, todavia, apenas o valor de ser o dum republicano, afirmo que se trata dum republicano da velha guarda, que não precisa de atestados de republicanismo passados por qualquer chafarica política, onde os homens que mandam hoje são os mesmos que mandavam no tempo da monarquia.

Quando Osse professor viu a falta de confiança e solidariedade que o Ministério da Instrução Pública nele depositava,

A política de Beja, que eu 'não p.osso discriminar qual seja, fez insistência junto do Sr. Ministro da Instrução Pública no sentido do que fosse nomeado um sindicante diferente daquele.

Se outra cousa isto não significasse,, era, pelo menos, iima prova de desconfiança no próprio Ministro.

Das afirmações que a imprensa de Beja tem feito conclui-se que o indivíduo a sindicar é acusado de crimes, verdadeiros crimes, crimes como padre, e esses a Igreja os julgará, e crimes como professor, e esses não podem passar despercebidos ao Sr. Ministro da Instrução Pública.

Estou convencido-de que S. Ex.a.providenciará no sentido de ser nomeado um sindicante idóneo. E estou disposto, como V. Ex.a vê, a seguir este e outros casos similares com- o carinho com que eles merecem sor seguidos porque, se não se podem absolver criminosos, não se podem também condenar inocentes, se; porventura, eles existem.

Tenho dito.