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O resultado desta política absurda é que o número de consumidores de pão de trigo, vai aumentando, dia a dia, ao passo que, em consequência ainda da mesma política, a produção de trigo nacional, como havemos de ver, tende a diminuir.

É que o regime actual, parecendo a continuação daquele que foi iniciado com a lei de Julho de 1899, é., de íacto, o inverso dele. Naquela data o trigo nacional não se podia produzir por preços equivalentes aos do estrangeiro. No intuito de proteger a nossa lavoura, estabeleceu-se para o trigo nacional um preço maior, só se permitindo a importação do trigo exótico, até ao que faltasse à nossa produção, para o complemento das necessidades nacionais.

Nas condições actuais, porém, o quilograma de trigo exótico fica-nos aqui por í540; ao passo quo o preço marcado à lavoura representa apenas cerca de metade daquela importância. E eis como uma lei do protecção se transformou numa lei de ataque à lavoura nacional.

Como os preços se acompanham sempre, dada a sua interdependência, con-

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um incitamento para alargar a área cultural do trigo. Antesj pelo contrário, se tem verificado a tendência para o abandono dessa cultura. O que tanto monta dizer quo na realidade o resultado paradoxal da politica do Governo, no tocante a este assunto, é, como já indicámos, o aumento do consumo do trigo e a diminuição da produção do mesmo género. E são estas e que] andas asneiras que explicam o estado deficitário dá nossa balança económica, o êxodo do nosso ouro e a mi-sória a que chegou o câmbio.

^Pois tíão valeria mais a pena prote-.ger a lavoura, alargando o preço e obrigando ao manifesto do trigo produzido ?f Hoje, cpin o manifesto facultativo, não se sabe qual o déficit real da nossa produção, pois o agricultor encontra sempre para o seu trigo preços muito mais convidativos do que aqueles quo os Governos, na .sua alta sapiência, resolvem marcar.

Assim, os deficits calculados pelos Ministros são aquelesi quo às conveniências da moagem importa indicar-lhes, porque a eles lhes faltam, sobre o assunto, os dados necessários para formarem uma opinião própria.

Diário da Câmara dos Deputados

Mas o mais triste é que isto não é a consequência dos governantes terem pensado em seguir uma política de governo, que, embora errada, obedecesse a uma convenção premeditada. Não ; isto tudo é obra do acaso e resulta apenas da incapacidade iniludível de Ministros milicianos. • Quando, em 1918, Machado Santos, que foi o nosso melhor Ministi o das Sub-sistências, tabelou o preço do trigo nacional, ele calculou-o de forma que o preço do trigo exótico, posto aqui, -lhe fosse sensivelmente inferior. A sua política era a verdadeira, a boa; o negócio dos trigos daria ao Estado lucros, em vez de prejuízos, e a lavoura nacional recebia a protecção necessária.. Mas sucede que, com o decorrer dos tempos, o preço do trigo exótico foi crescendo lá fora, emquanto a nossa moeda se ia progressivamente desvalorizando. E os Ministros que sucederam àquele não souberam acompanhar a evolução das cousas, o que explica que tenhamos caído nas circunstâncias actuais. Hoje não é fácil fazer voltar tudo bruscamente à'primeira forma. Há que conseguir primeiramente nmn Tno^hnviíi CíiTVihinl. O rlpnoís nrnvn-

car, neste capítulo, o regresso a uma política compatível com as necessidades do país, embora para isso seja preciso aumentar o preço do pão.

Logo no princípio do ano económico de 1919-1920 o Instituto de Koma proclamava aos quatro ventos que este ano haveria em todo o mundo uni drfitit de trigo.